Tim Kruger fucks Delan Benobe on the back patio

Tim Kruger era um arqueólogo cético. Para ele, o passado era feito de pedra e osso, não de magia ou maldições. Por isso, quando o misterioso artefato conhecido como “O Coração de Anubis” chegou ao museu de Londres, ele viu apenas uma curiosidade: uma pequena caixa de bronze, incrustada com hieróglifos desgastados e fechada por um mecanismo invisível.
A peça veio acompanhada de um aviso, quase uma lenda, de um contato egípcio: “Ela só se abre para o detentor da chave, não de metal, mas de sangue. E guarda não um tesouro, mas um guardião.”
A chave para desvendá-la, segundo as escassas notas, era um homem: Delan Benobe. Neto de um famoso egiptólogo senegalês, Delan era um linguista especializado em línguas mortas e dialetos esquecidos do Saara. Encontrá-lo foi a parte fácil; convencê-lo a ajudar, não tanto.
Delan recebeu Tim em seu modesto apartamento em Paris, cercado por pilhas de livros e fragmentos de papiro. Era um homem tranquilo, de olhos que pareciam guardar a paciência do deserto.
“O Coração não é uma caixa, Dr. Kruger”, disse Delan, sua voz suave carregada de uma seriedade que fez Tim hesitar. “É uma sentença. Meu avô passou a vida tentando provar que era apenas um mito. Ele acreditava que dentro dela não há riqueza, mas uma… assinatura. A assinatura de um espírito guardião, um *medjay* ancestral, selado para proteger algo muito maior.”
Tim, é claro, descartou a superstição. “Precisamos abri-la. O conhecimento dentro dela, seja um papiro ou um artefato, pode reescrever capítulos da história.”
Relutante, mas movido por um dever familiar que não conseguia explicar, Delan concordou. No laboratório de alta segurança do museu, sob luzes frias, eles inspecionaram a caixa. Tim aplicou scanners, lasers e ferramentas de precisão. Nada. A caixa permaneceu insolentemente fechada.
Frustrado, Tim recuou. Delan se aproximou, observando não a caixa, mas os hieróglifos ao seu redor. Sussurrou algo em uma língua que soava como o vento na areia. Então, quase por instinto, pressionou o polegar contra uma saliência quase imperceptível na lateral. Não houve um clique mecânico, mas um som abafado, como um suspiro preso por milênios.
A tampa deslizou suavemente.
Dentro, não havia ouro, nem joias, nem pergaminhos. Havia apenas uma pequena estatueta de um chacal, de bronze enegrecido pelo tempo, e um pó fino e azul como o lápis-lazúli.
Antes que Tim pudesse protestar ou questionar, o pó se agitou. Subiu no ar parado do laboratório, formando uma espiral. As luzes cintilaram e se apagaram, deixando apenas a luz de emergência vermelha. No centro da sala, a espiral de pó tomou forma: a figura translúcida e majestosa de um guerreiro com cabeça de chacal, portando uma lança longa.
O ar ficou gelado. Tim, o cético, sentiu um terror primordial que lhe congelou a medula. Ele via, mas seu cérebro se recusava a aceitar.
Delan, porém, não recuou. Ele ergueu a mão, não em desafio, mas em saudação. Falou em voz clara, na mesma língua antiga. ” *Medjay* de Anubis. O selo foi quebrado, mas a intenção não é profanação. Buscamos compreensão, não pilhagem.”
A criatura etérea virou seu olhar vazio para Delan. Uma voz que não era um som, mas um pensamento implantado, ecoou na mente de ambos: *”O sangue do tradutor reconhece. O coração do cético… duvida. O que protejo não está aqui. Este é apenas o aviso. O verdadeiro legado, o santuário perdido de Thoth, só será revelado quando a dúvida e a fé caminharem como uma só sombra sob o sol do meio-dia.”*
A figura então se dissolveu, e o pó azul caiu ao chão, agora inerte. A estatueta de chacal desintegrou-se em uma fina cinza.
A luz voltou. O laboratório estava intacto, exceto pela caixa de bronze agora vazia e dois homens profundamente transformados.
Tim Kruger já não via apenas pedra e osso. Ele vira a sombra do desconhecido e ela tinha um rosto. Delan Benobe, por sua vez, viu que a herança de seu avô era mais real e perigosa do que imaginara.
Olhando um para o outro, sem uma palavra, souberam que a história não terminava ali. O santuário perdido de Thoth aguardava. E eles, o cético e o tradutor, a dúvida e a fé, agora eram companheiros de uma jornada que começara milhares de anos antes de seus nomes serem sequer um pensamento. A caixa estava vazia, mas o caminho, finalmente, estava aberto.




