Robert Does and Texas Bull fuck
No vasto e poeirento estado do Texas, existiam duas lendas vivas que nunca se cruzavam.
**Robert Does** era um *wrangler* de búfalos. Trabalhava numa reserva próxima a Amarillo, onde manadas de bisões vagavam livres. Robert era um homem de poucas palavras, mais confortável com o baixo grunhido dos animais e o som do vento cortando as planícies do que com conversa fiada. Sua vida era um ciclo de observação, cuidado e respeito absoluto pela força bruta e serena da natureza. Ele era sólido, paciente e enraizado como os mesquites que resistiam ao sol.
**”Texas Bull”** era o apelido de **Leo Burnett**, o maior astro do rodeio profissional. Sua vida era uma sequência de arenas ensurdecedoras, viagens em trailers, flashes de câmeras e oito segundos de pura adrenalina montando touros indomáveis. Bull era espetáculo puro: um turbilhão de energia, couro enfeitado e um sorriso de vitória que vendia cereal matinal. Sua existência era sobre domar a fera, subjugá-la, e receber os aplausos.
O destino não os uniu numa arena ou numa planície, mas numa estrada de terra batida, sob um céu de chumbo. O trailer luxuoso de Bull, levando-o para mais uma competição, quebrou o eixo a poucos quilômetros da reserva de Robert. Furioso e atrasado, Bull começou a andar pela estrada, até avistar uma silhueta imóvel a cavalo, observando o horizonte como uma estátua.
— Ei, amigo! — gritou Bull, com sua voz projetada para multidões. — Preciso de um guincho, ou um telefone, ou um milagre!
Robert, lentamente, virou a cabeça no cavalo. Seus olhos, acostumados a medir o temperamento de um búfalo de uma tonelada, avaliaram o homem coberto de poeira e frustração.
— O milagre mais próximo fica a 50 quilômetros. O guincho, a 30. O telefone… — ele apontou com o queixo para o vasto nada — não pega sinal aqui.
Bull resmungou, mas algo na calma absoluta de Robert era como um balde de água fria na sua irritação. Seguiu-o a pé até um pequeno rancho simples, onde Robert cuidou do cavalo antes de oferecer ao forasteiro um copo de água.
Os dias seguintes foram um choque de mundos. Enquanto a peça do trailer era encomendada, Bull foi obrigado a ficar. Ele, que era mestre em dominar animais por segundos, observou Robert domar um potro selvagem com paciência infinita, sem violência, apenas com presença e confiança. Viu os bisões, muito maiores e mais perigosos que qualquer touro de rodeio, respeitando Robert como parte da paisagem.
Robert, por sua vez, viu por trás da persona de “Texas Bull” um homem exausto, com o corpo marcado por lesões e o espírito cansado da estrada e da performance constante. Viu nele uma centelha de solidão que reverberava com a sua própria.
A atração nasceu no contraste. Na força silenciosa de Robert, Bull encontrou um porto seguro que nunca conheceu. Na energia vibrante e corajosa de Bull, Robert encontrou uma cor que faltava em seu mundo de terras e céus.
Numa noite, sob um céu estrelado desprovido de qualquer luz artificial, Bull quebrou o silêncio.
— Oito segundos. É o tempo que tenho para provar meu valor para o mundo inteiro. Parece bobo agora, vendo esse horizonte.
Robert olhou para ele, a luz das estrelas refletindo em seus olhos sérios.
— O valor não se mede em segundos. Mede-se em raízes. Ou em coragem para não ter nenhuma.
Bull não conseguiu responder. Em vez disso, estendeu a mão, e Robert a tomou. O aperto não era de um cowboy para outro, era de um homem que vivia de aparências para um homem que não precisava de nenhuma.
Quando a peça do trailer chegou, “Texas Bull” tinha uma decisão a tomar. Na manhã da partida, ele encontrou Robert no curral, montando o potro que agora obedecia a seus comandos suaves.
— A próxima arena é em Oklahoma — disse Bull, sem convicção.
Robert apenas assentiu, continuando seu trabalho.
Bull deu meia-volta para ir, mas parou após três passos. Virou-se.
— É engraçado. Passei a vida toda sendo chamado de Bull por domar touros. Mas você… você é quem realmente entende o que é ser forte sem precisar provar.
Robert finalmente parou, seus olhos encontrando os de Leo.
— Os búfalos não são domesticados, Leo. Eles são respeitados. É diferente.
O uso de seu nome verdadeiro, não do apelido, fez algo em Leo Burnett se desfazer. Ele jogou as chaves do trailer na poeira.
— Acho que Oklahoma pode esperar. Talvez eu precise aprender a diferença.
Robert esboçou um raro e verdadeiro sorriso, um raio de sol saindo por trás de nuvens.
— A lição é longa. Leva a vida toda.
— Boa — respondeu Leo, caminhando em direção a ele. — Então talvez seja melhor começar agora.
E ali, entre a poeira do Texas e o hálito quente dos animais, o astro do espetáculo e o guardião do silêncio encontraram um terreno comum. Não em oito segundos de glória, mas no tempo infinito e paciente que leva para construir algo real, uma raiz de cada vez.




