Rego V and Juan Sevilla fuck again – The Warriors

O Mercado das Sombras em Lisboa não era um lugar para mapas. Era um labirinto de becos que se desfaziam ao amanhecer, onde se vendiam memórias alheias em frascos de âmbar, sonhos não sonhados em rolos de filme desgastado, e silêncios absolutos, embrulhados em seda preta. Rego V era seu rei não-coroado. Não um traficante grosseiro, mas um curador de ausências. Magro, trajando sempre um casaco de linho claro mesmo na umidade noturna, ele conseguia encontrar o vazio perfeito para qualquer cliente: o esquecimento de uma traição para um marido angustiado, a inocência perdida para um cínico, o silêncio após um grito que ainda ecoava na mente de um veterano de guerra. Seu poder vinho de um pacto antigo e de um preço terrível que ele mesmo pagara, e cuja memória ele mantinha trancada a sete chaves, mais fundo do que qualquer mercadoria em seus cofres.

A calma de Rego foi quebrada pela chegada de Juan Sevilla. Não um cliente, mas um concorrente. Juan não vinha do submundo das sombras; vinha do sol implacável de Sevilha e do mundo bruto do tráfico de relíquias físicas. Era um homem de presença sólida, com cicatrizes que não eram apenas metafóricas e um sorriso que era tanto uma ameaça quanto um convite. Ele abriu uma “loja” do outro lado do beco: “Sevilha & Filhos – Aquisições Especiais”. Só que ele não tinha filhos, e suas aquisições eram os próprios clientes de Rego.