O mundo de Xjonkuch era silencioso. Um planeta distante, gelado e solitário, onde as auroras dançavam no céu como fantasmas verdes e azuis. Ele era um artesão de cristais, moldando a luz e o gelo em esculturas que brilhavam com uma beleza fria e eterna. Suas mãos, habilidosas, criavam maravilhas, mas seu coração era uma câmara vazia, ecoando apenas o som do vento cortante.
Tudo mudou no dia em que uma nave de um mundo de fogo e música fez um pouso forçado na tundra. Das entranhas metálicas e fumegantes, emergiu Nicoolwzz. Seus cabelos tinham a cor do âmbar quente, e seus olhos brilhavam com a curiosidade de um explorador. Ela era uma cartógrafa de emoções, coletando canções de mundos desconhecidos.
O primeiro encontro foi um choque de universos. Xjonkuch, de pele pálida como a neve, ofereceu abrigo com uma reserva gelada. Nicoolwzz, com sua energia radiante, agradeceu com um sorriso que parecia desafiar o frio.
— Suas esculturas são lindas, Xjonkuch — disse ela, sua voz um melodia estranha e fascinante. — Mas são tão… quietas.
Ele ficou confuso. A quietude era a própria essência da beleza para ele.
Nicoolwzz, então, fez algo extraordinário. Tocou levemente uma das esculturas de cristal e começou a cantarolar. Não era uma música de seu mundo, mas algo que ela inventou na hora, uma melodia que soava como riachos descongelando e o primeiro suspiro da primavera. Para o espelho de Xjonkuch, algo impossível aconteceu: o cristal, sintonizado com a emoção pura da canção, começou a brilhar com uma luz dourada e quente, pulsando suavemente no ritmo da música.
Xjonkuch ficou pasmo. Ele havia passado a vida tentando capturar a luz, mas Nicoolwzz trouxera o *calor*.
