Viktor Rom and Zack fuck – released from bars

O vento soprava frio nas ruas de pedra de Aethel, carregando o cheiro do mar e dos pinheiros distantes. Viktor Rom caminhava com as mãos enfiadas nos bolsos do sobretudo, seu passo firme e solitário ecoando na calçada vazia. Ele era um relojoeiro, um homem que consertava o tempo, mas não conseguia consertar a própria solidão. Sua vida era um mecanismo de precisão, silencioso e previsível, até aquele dia.

Foi na pequena livraria da Rua das Sombras, entre as pilhas de livros antigos e o cheiro de papel envelhecido, que ele viu Zack.

Zack era o oposto de tudo que Viktor conhecia. Enquanto Viktor era compostura e silêncio, Zack era uma tempestade de risos e gestos largos. Trabalhava na livraria, organizando as prateleiras com um caos peculiar que apenas ele entendia. Seus olhos claros brilhavam com uma luz que desafiava a penumbra do lugar, e seu cabelo era tão desarrumado quanto as pilhas de livros que ele amava.

O primeiro encontro foi um acidente. Viktor, procurando um volume raro sobre mecânica de precisão do século XVIII, esbarrou em uma escada de rolante, fazendo com que uma pilha de livros desabasse sobre ele. Em vez de se desculpar, Zack riu, um som claro e genuíno que fez algo dentro do peito de Viktor se desprender.

“Parece que os livros gostam de você”, disse Zack, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar. “É um sinal.”

Viktor, normalmente avesso a toques, aceitou a mão. E sentiu uma corrente quente percorrer seu braço.

A partir daquele dia, a livraria tornou-se o ponto central do universo de Viktor. Ele ia todos os dias, às vezes sem comprar nada, apenas para ver Zack discorrer sobre poesia modernista ou a história dos motores a vapor. Zack, por sua vez, começou a visitar a relojoaria de Viktor, fascinado pela paciência e dedicação daquele homem quieto que dava vida a pequenos mecanismos inertes.

Viktor aprendera a medir o tempo em tiques-tagues, mas com Zack, ele aprendeu a medi-lo em risos. Em sorrisos roubados entre as estantes, nas xícaras de chá compartilhadas depois do expediente, no toque casual de suas mãos ao passar um livro.

Zack trouxe cor para o mundo monocromático de Viktor. Ele o arrastava para piqueniques no parque, para dançar sob a chuva fraca, para assistir ao nascer do sol no telhado da livraria. Viktor, que sempre consertara coisas quebradas, descobriu que Zack não precisava de conserto. Ele era completo em seu caos, e esse caos, paradoxalmente, trouxe uma nova ordem para a vida de Viktor – uma ordem baseada na alegria do imprevisível.

O amor deles não foi declarado com grandiosidade, mas em um sussurro. Uma noite, enquanto Viktor trabalhava tarde em um intricado mecanismo de um relógio de bolso, Zack apareceu na porta da oficina, encharcado pela chuva.

“O que você está fazendo aqui?” Viktor perguntou, surpreso.

Zack encostou-se na porta, sem fôlego. “Meu relógio parou. E eu percebi que… que sem você, o meu tempo para de passar.”

Não houve palavras por um momento. Apenas o tique-taque dos relógios na parede e o som da chuva lá fora. Viktor colocou delicatamente suas ferramentas sobre a bancada, cruzou a pequena distância entre eles e, pela primeira vez, tomou a iniciativa. Ele colocou as mãos no rosto molhado de Zack e beijou-o. Era um beijo lento e profundo, que sabia a chá de earl grey e a promessas não feitas. Sabor a um novo começo.

Agora, na relojoaria, o silêncio não é mais solitário. É preenchido pelas risadas de Zack enquanto ele tenta, sem sucesso, aprender a soldar um minúsculo parafuso. Viktor observa, um sorriso tranquilo nos lábios. Ele passa a vida consertando o tempo, mas foi Zack quem lhe deu a maior lição: que o tempo não é para ser apenas medido e controlado. É para ser vivido, preenchido com momentos que valham a pena ser guardados, não em mecanismos de precisão, mas no coração. E no coração de Viktor, o nome Zack estava marcado para sempre, mais permanente e precioso do que qualquer joia em qualquer relógio.