Vacation Collab – Colby Chambers, Mickey Knox, Kian

O telhado da Mercearia Chambers era o lugar mais alto da cidadezinha de Vale Sereno. Dali, Colby Chambers conseguia ver tudo: a praça de pedra, a estação de trem deserta, e os três vales que cercavam a cidade. Ele herdara a loja aos vinte e dois anos, junto com os óculos redondos do avô e um coração tímido, meticuloso como a arrumação das prateleiras.

Mickey Knox chegou primeiro. Veio na fumaça e no ronco de uma moto enferrujada, com um sorriso que desafiava a poeira da estrada e um punho fechado cheio de tatuagens mal acabadas. Parou na frente da mercearia para pedir água para o radiador e um cigarro. Ficou. Mickey era feito de impulso e cicatrizes, um furacão de jaqueta de couro que varreu a poeira das prateleiras de Colby. Ensinou-lhe a jogar cartas no balcão depois de fechar a loja, a beber uísque barato direto da garrafa, e que às vezes, quebrar um pote de picles não era o fim do mundo, mas o começo de uma risada.

Kian chegou um ano depois, num trem que quase ninguém mais usava. Desceu com uma mochila de lona, sapatos gastos e um caderno de esboços debaixo do braço. Pintava muros, paisagens, e os olhos das pessoas com uma delicadeza que fazia o mundo parecer mais gentil. Onde Mickey era fogo, Kian era luz — uma luz calma, persistente, que mostrava as cores que estavam sempre lá, mas que ninguém notava. Ele pintou um mural na lateral da mercearia: os três vales, fundidos em cores que não existiam na natureza, mas que pareciam certas.