Uma foda bem gostosa com o tiozão – Rick Kelson e Adjective
O mundo de **Rick Kelson** era um de silêncio e precisão. Como o melhor restaurador de livros raros da cidade, suas ferramentas eram pinças, luzes frias e uma paciência infinita. Sua vida era uma sucessão de dias tranquilos na biblioteca da Universidade, salvando palavras e histórias do tempo, enquanto sua própria história permanecia em branco. Ele era um homem de substantivos: livro, papel, cola, solidão.
Tudo mudou numa tarde de terça-feira, quando a nova assistente de Literatura Comparada chegou. E ela era um furacão de **Adjective**.
Seu nome verdadeiro era Adriana, mas todos a chamavam de **Addie**. E Addie não *andava*, ela *irrompia*. Não *falava*, ela *declamava* ou *sussurrava dramaticamente*. Seu cabelo era “uma tempestade de cachos rebeldes”, seu café da manhã era “uma experiência decadente e pecaminosa de canela”, e o dia chuvoso era “uma tragédia melancólica e gloriosa”.
Rick, acostumado à linguagem técnica dos catálogos e à poesia morta dos séculos passados, ficou atordoado. Addie via o mundo através de uma lente de intensidade e cor. Ela invadiu seu silêncio ordenado como um raio de sol cego.
— Este manuscrito não está apenas velho, Rick — ela disse, apontando para um volume que ele estava tratando com luvas brancas. — Está *profundamente solitário*. Você pode sentir a *nostalgia amarga* nas margens.
Rick olhou para o pergaminho, depois para ela. Ele só via manchas de tinta e fibras de linho.
A princípio, ele a evitou. Ela era caótica, imprevisível, *demais*. Mas Addie, com a persistência de uma erva daninha em uma fenda de concreto, começou a trazer-lhe um chá “deliciosamente reconfortante” às quatro da tarde. Começou a perguntar sobre as texturas do papel, as histórias por trás das encadernações. Ela não via um técnico; via um guardião de almas.




