Um pauzudo desse fudendo muito – Jake Mitchell, Romeo Davis

O armazém abandonado à beira do rio era o reino de Jake Mitchell. Entre latas de tinta empilhadas e a aura pesada de tinta spray, ele reinava sozinho. Suas obras, assinadas com um “JM” estilizado, coloriam o cinza da cidade – um grito de rebeldia em cores neon. Jake era um fantasma, aparecendo apenas sob o manto da noite, deixando sua marca e desaparecendo antes do amanhecer.

Romeo Davis era o sol. Como coreógrafo de uma companhia de dança contemporânea, sua vida era feita de movimento, música e luzes de palco. Ele se mudara para o bairro recentemente, e suas caminhadas matinais o levavam sempre pelo mesmo caminho, passando pelo armazém e pelos muros ao redor. Enquanto a cidade dormia, Jake pintava. Enquanto a cidade acordava, Romeo passava e observava.

Foi um rosto que prendeu Romeo. Num muro outrora vazio, surgira o retrato de um homem, seus traços tão realistas que parecia prestes a falar. Os olhos, em tons de verde e cinza, transmitiam uma melancolia tão profunda que Romeo sentia uma pontada no peito toda manhã. Ele não sabia quem era o artista, mas sentia que aquele rosto contava uma história inacabada.

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