Tim Kruger fucks Roman Capellini
Tim Kruger era um homem que consertava o passado. Em sua pequena loja no bairro antigo de Zurique, Kruger’s Chronometry, ele devolvia a vida a relógios de bolso esquecidos, cronômetros de navios naufragados e despertos de infâncias passadas. Suas mãos finas e pacientes entendiam a linguagem das engrenagens, a poesia dos pêndulos, o suspiro das molas. Tim acreditava que cada relógio guardava não apenas o tempo, mas a história de quem o carregou – e seu trabalho era uma forma sagrada de ressurreição. Ele, no entanto, vivia ancorado em um único momento: o dia, dez anos antes, em que seu irmão desaparecera sem deixar rastros, levando consigo o único relógio que Tim jamais conseguiu encontrar.
Roman Capellini era um negociante de futuros. No distrito financeiro de Milão, ele movimentava fortunas no mercado de commodities, apostando em tendências, prevendo crises, comprando e vendendo tempo abstrato em forma de contratos. Seu mundo era o do nanossegundo, da transação algorítmica, do “agora” eterno e desapegado. Roman tinha tudo, exceto a sensação de permanência. Seu único vínculo com um tempo mais lento era uma herança peculiar de seu avô: um relógio de parede suíço, quebrado, com uma inscrição enigmática na parte de trás: “Para A.K., que sabe que o verdadeiro tesouro nunca marca a hora certa.”
O destino, como um mecanismo de precisão, os uniu por um anúncio on-line. Tim, em sua busca quixotesca pelo relógio perdido do irmão, postou uma foto do único indício: um desenho técnico de uma engrenagem incomum que ele reconstruíra de memória. Roman, procrastinando antes de uma grande negociação, viu o anúncio. O desenho era idêntico ao mecanismo interno do relógio herdado, agora parado em sua parede de escritório.




