Thiago Lazzarato fucks Luciano Grosso

O armazém de Thiago Lazzarato era um caos organizado de máquinas antigas e motores desmontados. Ele respirava o cheiro de graxa e gasolina, consertando o que o mundo descartava. Seus dias eram solitários, marcados apenas pelo ronco dos motores que ganhavam vida em suas mãos habilidosas.
Uma tarde, o ronco abafado de uma Harley-Davidson quebrou a rotina. Luciano Grosso desmontou da máquina na frente do armazém, tirando o capacete e sacudindo os cabelos negros. Usava uma jaqueta de couro desgastada e nos braços, tatuagens contavam histórias que Thiago mal ousava imaginar.
“Preciso de um milagre”, disse Luciano, com uma voz rouca que parecia carregar estradas poeirentas. “A velha senhora aqui está morrendo na subida.”
Thiago se aproximou, enxugando as mãos em um pano sujo. Era um homem quieto, de poucas palavras e olhar observador. Enquanto mexia no motor da moto, sentiu o peso do olhar de Luciano sobre ele. Era intenso, direto, sem medo.
“Você é o tal bruxo das máquinas que falaram na cidade”, comentou Luciano, circulando uma motocicleta antiga coberta por um pano.
Thiago apenas acenou com a cabeça, concentrado.
A moto de Luciano ficou pronta em duas horas. Mas ele não foi embora. Ficou ali, falando sobre viagens pelo sertão, noites sob céus estrelados e a liberdade que só uma estrada aberta pode oferecer. Thiago, normalmente tão reservado, se encontrou contando sobre seu avô, que lhe ensinou tudo sobre motores, e sobre o medo que sempre teve de deixar a segurança daquele armazém.
“Medo é um lugar comum, Thiago”, Luciano disse, seu olhar fixo no mecânico. “A coragem é que nos leva para casa.”
Na despedida, Luciano estendeu a mão para um aperto, mas Thiago, num ato de ousadia que nem ele mesmo entendeu, colocou na palma do viajante uma pequena chave de roda, limpa e polida.
“Um amuleto”, ele explicou, corando. “Para que a estrada sempre te traga de volta.”
Luciano fechou os dedos em volta da chave, e o sorriso que deu então iluminou seu rosto marcado pelo sol.
“Na próxima sexta-feira”, ele prometeu. “Te busco às oito. Vou te mostrar o que é viver.”
E na sexta-feira, quando o sol começou a se pôr, o ronco da Harley ecoou novamente na frente do armazém. Dessa vez, havia um capacete extra. Thiago, de jeans e camisa preta, subiu na moto atrás de Luciano. E quando abraçou a cintura do motoqueiro, sentiu não medo, mas uma liberdade que nenhuma estrada sozinha poderia oferecer.
Dois homens, um preso às raízes, o outro nômade por natureza, descobriram que às vezes o amor é como consertar uma máquina antiga: é preciso paciência, as peças certas, e a coragem de ligar o motor e ver no que dá. E naquele entardecer, com o vento batendo em seus rostos, eles aceleraram em direção não apenas ao horizonte, mas a um novo começo.