The LV and LuckyBxY flip fuck

**O Caderno e a Canção**
The LV não era um homem de sorte. Pelo menos, era o que ele pensava toda vez que via seu pequeno viveiro de plantas murcharem, apesar de todo seu cuidado. Ele era alto, quieto, e suas mãos, embora calejadas, pareciam ter o dom de afugentar a vida, não de cultivá-la. Seu refúgio era um caderno de capa desbotada, onde despejava versos melancólicos sobre raízes secas e flores que nunca vingavam.
LuckyBxY, por outro lado, parecia carregar a alegria no nome. Seu canto, doce e um pouco desafinado, ecoava pelo corredor do prédio onde moravam. Ela era cantora de rua, e sua voz era como uma trepadeira insistente, encontrando frestas na alma das pessoas. Ela acreditava que a sorte era uma melodia que precisava ser cantada com convicção.
Num sábado cinzento, o destino pregou uma peça. Um vento forte arrancou a página mais querida de The LV de suas mãos, justamente quando ele revisava seus versos no banco da praça. A folha dançou no ar, um pássaro branco e desesperado, e foi parar diretamente no rosto de LuckyBxY, interrompendo sua versão de “La Vie en Rose”.
Ele correu, desesperado, murmurando desculpas. “É a minha poesia”, disse, os olhos cheios de um pânico que ela não entendeu.
Ela pegou a folha, os olhos curiosos percorrendo os versos. E então, algo inesperado aconteceu. Ela começou a cantar. Sua voz, suave e ritmada, deu uma música às palavras tristes de The LV. A poesia sobre solidão virou uma balada comovente; a metáfora da terra árida soou como uma esperança por chuva.
The LV ficou paralisado. Ele nunca tinha ouvido sua dor soar tão bonita.
“É lindo”, ela disse, devolvendo o papel. “Mas é tão triste. Sua terra precisa de mais sol.”
A partir daquele dia, um novo ritual começou. The LV levava seus versos novos para a praça. LuckyBxY os lia e, ali mesmo, improvisava uma melodia. Ela transformava sua escuridão em estrelas, sua aridez em promessa de colheita. Ele, por sua vez, começou a levar mudas de girassóis para ela. “Para trazer sol para sua voz”, ele explicou, corando.
Ele aprendeu a regar as plantas com a mesma paciência com que ouvia ela ensaiar. Ela aprendeu que por trás da quietude dele havia um oceano de sentimentos, que ela tinha o privilégio de navegar.
Num fim de tarde, ele entregou-lhe um poema diferente. Não falava de plantas mortas, mas de um jardim que só florescia sob um certo canto de sol. Falava de uma melodia que havia regado seu deserto.
LuckyBxY leu e sorriu, os olhos brilhando. Sem dizer uma palavra, começou a cantar, uma canção nova, que nascia ali, naquele momento, feita só para ele.
The LV percebeu, então, que sua sorte nunca tinha sido sobre fazer as plantas crescerem. Sua sorte era LuckyBxY, a cantora de rua que encontrou a poesia perdida de um homem quieto e, com sua voz, plantou um jardim inteiro dentro do coração dele.