The Hung Latino – Douglas Machado and WantonBoy fuck
 
						A livraria “Páginas Esquecidas” era um labirinto silencioso de estantes empoeiradas e histórias adormecidas. Douglas Machado, o proprietário, era um homem de gestos precisos e palavras medidas, cujos óculos de aro fino repousavam sobre um nariz eternamente enterrado em catálogos de livros raros. Sua vida era uma sinfonia de sussurros, o cheiro de papel antigo e a solidão confortável de quem preferia a companhia de personagens fictícios.
Tudo mudou numa tarde de terça-feira, com a entrada de WantonBoy.
Ele não entrou, irrompeu. Uma explosão de riso alto, jaqueta de couro cravejada de alfinetes e cabelo descolorido que desafiava qualquer nome de cor. Carregava uma mochila com adesivos de bandas que Douglas nunca tinha ouvido falar. Era um artista de rua, um poeta do caos, e o seu nome—se é que era um nome—era tão desconcertante quanto o seu sorriso.
— Precisa de ajuda? — perguntou Douglas, com a voz mais seca do que as páginas de um folhetim do século XIX.
— Sim! — WantonBoy (ou apenas “Wan”, como acabou por dizer) encostou-se ao balcão, os olhos a percorrerem as prateleiras abarrotadas. — Preciso de um lugar que venda silêncio. Acho que estou no sítio errado.
A piada era tola, mas o sorriso que a acompanhava era tão genuíno que Douglas sentiu as próprias defesas racharem. Wan estava ali para fugir ao barulho do apartamento que partilhava com mais três músicos.
O que se seguiu foi uma invasão lenta e gradual. Wan começou a aparecer todos os dias, não para comprar, mas para “sentir o ambiente”. Ele lia poemas em voz alta para as secções de poesia, reorganizava os livros por cor quando Douglas não estava a ver, e deixava pequenos desenhos a caneta nos marcadores de páginas.
Douglas, cuja vida era regida pela ordem de Dewey, sentia-se exasperado. E fascinado. Wan falava de quebrar regras, de arte efémera, da beleza do momento. Douglas falava de preservação, de legado, da beleza do que perdura.
Era o choque entre o arquivo e o rascunho, a tinta da impressora e o spray da lata. Mas, nas horas de fecho, quando a livraria ficava envolta num silêncio sagrado, algo mudava. Douglas descobria que por trás da fachada de rebeldia, Wan tinha uma sensibilidade aguçada, uma ferida aberta para a beleza do mundo. E Wan via, por trás da armadura de reserva de Douglas, uma curiosidade tímida, um desejo surrado de ser surpreendido.
 
				



