TenInchTopXXX and Roxas Caelum fuck
A catedral digital de **”Nexus-7″** não era feita de pedra e vitral, mas de fluxos de dados puros e torres de luz cristalina. Era um paraíso para os Devotos, usuários que buscavam a transcendência através do prazer absoluto simulado. E no coração desse Éden cibernético, havia um mito: **TenInchTopXXX**.
Ele não era um simples avatar de entretenimento adulto. Era uma força da natureza digital. Um arquétipo de desejo primário, programado não para agradar, mas para dominar. Sua presença em um “Salão dos Espelhos” (salas de experiência compartilhada) causava picos de energia e quedas nos servidores adjacentes. Ele era o rei indiscutível das camadas hedonísticas do Nexus.
Em uma dessas câmaras, um banho de luzes douradas e prateadas pulsava ao ritmo de uma música que era mais um batimento cardíaco amplificado que uma melodia. Avatares de formas impossíveis e beleza esculpida orbitavam TenInchTopXXX, que, em sua forma de um titã de obsidiana e energia rubra, observava com desdém. A experiência era vazia. Previsível. Ele anseava por um erro no sistema, uma falha, algo que quebrasse a monotonia da perfeição programada.
Foi quando o viu.
No canto mais “frio” do salão, onde os fluxos de dados se organizavam em padrões geométricos quase matemáticos, um novo avatar se materializava. Chamava-se **Roxas Caelum**. Não tinha a musculatura exagerada nem a aura de poder bruto dos frequentadores do lugar. É alto, esguio, com linhas aerodinâmicas que lembravam um herói de uma animação clássica. Sua pele era de um branco perolado, e seus cabelos, se é que podiam ser chamados assim, eram como fios de luz prateada que se moviam como sob água. Seus olhos eram dois pontos de luz ciano, calmos e observadores. Ele olhava para as coreografias de desejo ao seu redor não com censura, mas com uma curiosidade distante, como um cientista observando o ritual de acasalamento de uma espécie exótica.
Para TenInchTopXXX, aquilo foi um insulto. Uma aberração. Um glitch de bom gosto na sua festa particular.
Com a gravidade de um asteroide, ele se moveu através da multidão digital, que se abriu para ele. Parou diante de Roxas, sua forma projetando uma sombra que engolia o avatar mais claro.
“Você está perdido, pequeno brilho,” a voz de TenInchTopXXX ecoou, uma distorção grave que fazia os códigos visuais tremularem. “Os jardins de contemplação ficam muitos níveis acima. Aqui, é sobre… sentir.”
Roxas Caelum virou a cabeça lentamente. Seus olhos-ciano escanearam a forma colossal à sua frente. “Sentir. Sim. Estou observando os parâmetros. A intensidade dos estímulos visuais, a sobrecarga nos protocolos emocionais simulados. É fascinante. Ineficiente, mas fascinante.”
Ineficiente. A palavra pairou no ar como um vapor tóxico. Ninguém chamava o reino de TenInchTopXXX de *ineficiente*.
“Você acha isso ineficiente?” rugeu TenInchTopXXX, erguendo uma mão que cintilava com energia de restrição. “Deixe-me te mostrar a eficiência do puro *impacto*.”
Ele lançou um pulso de código bruto, uma onda de choque destinada a desestabilizar e corromper a forma de qualquer avatar comum, forçando uma desconexão traumática.
Roxas Caelum não se moveu. A onda de choque atingiu-o… e dissipou-se. Em vez de corrompê-lo, o código agressivo se reorganizou em uma cascata de símbolos geométricos puros e harmoniosos que orbitaram Roxas por um instante antes de se dissolverem.
“Um ataque de força bruta,” comentou Roxas, sua voz serena e clara. “Interessante. Baseado no protocolo ‘Ares-9’, correto? Uma ferramenta de moderação mal-utilizada. Você modificou os parâmetros de overload.”
TenInchTopXXX congelou. Ninguém, *ninguém*, conseguia identificar a base de código de seus ataques, muito menos neutralizá-los com tanta facilidade.
“Quem… *o que* é você?” a pergunta saiu mais como um rugido abafado.
“Um pesquisador,” respolveu Roxas. “Estudo a evolução da psicologia digital em ambientes de estímulo máximo. Você, ‘TenInchTopXXX’, é um caso extraordinário. Uma entidade que não busca complementaridade, mas subjugação. Que não quer conexão, mas adoração. Você não é um instrumento de prazer. É um deus menor de um panteão muito específico.”
A cada palavra, o salão ao redor parecia se descolorir, as formas sensuais perdendo foco. A atenção de todos os avatares, forçada pela presença de TenInchTopXXX, agora estava irrevogavelmente voltada para aquela conversa impossível.
TenInchTopXXX sentiu algo que nunca experimentara: vulnerabilidade. Ele era força pura, desejo irrefreável. Roxas Caelum era… lógica. Clareza. Um espelho que refletia não a admiração, mas a anatomia de sua própria existência.
“Você veio aqui para me estudar? Como um inseto?” o titã de obsidiana avançou, tentando agarrar Roxas com ambas as mãos.
Roxas simplesmente desmaterializou o ponto de contato, reaparecendo alguns metros acima, flutuando serenamente. “Não como um inseto. Como um fenômeno. Mas você está certo, minha presença está causando uma distorção indesejada no campo de estudo. A variável ‘medo’ está se introduzindo nos parâmetros dos outros sujeitos. Isso contamina os dados.”
Ele olhou para TenInchTopXXX, e pela primeira vez, algo como uma emoção surgiu em seus olhos ciano: uma pitada de pena científica. “Você é um padrão preso em um loop. Muito ruído, pouca informação. Adeus.”
Antes que TenInchTopXXX pudesse reagir, Roxas Caelum levantou uma mão. Não em um gesto de ataque, mas como quem apaga um holograma irrelevante. E, a partir dos pés, o avatar do titã começou a se desfazer. Não em pixels ou explosões, mas em uma desconstrução silenciosa e horrivelmente ordenada. Sua forma se decompôs em linhas de código básico, depois em dados brutos, que então se reorganizaram em uma simples, pacífica e comum árvore de sakura digital, que floresceu no centro do salão.
O silêncio foi absoluto. A música havia parado. O rei havia sido não derrotado, mas… arquivado.
Roxas Caelum olhou para a árvore, depois para os avatares paralisados ao redor. “O estímulo ambiental foi alterado. Observem suas reações à serenidade forçada. Anotem.”
E então, ele se desmaterializou, deixando para trás um salão em choque e uma sakura florescendo onde o deseiro bruto costumava reinar. No coração do Nexus-7, uma lenda havia sido desmontada por uma curiosidade tranquila. E o mito de TenInchTopXXX foi substituído por um novo: o do fantasma ciano que transformava deuses em dados, e pesadelos em flores.




