Sven fucks Valentino Aston – svandylove

Valentino Aston era um paradoxo ambulante. Usava ternos impecáveis, de um cinza prateado que refletia a luz de forma tímida, e seus olhos verdes guardavam histórias de cidades distantes. Sua vida era uma sucessão de hotéis cinco estrelas e reuniões decisivas, onde cada palavra era pesada em gramas de ouro. Ele era sinfonia, mas uma sinfonia ordenada, previsível.
Sven era o oposto. Cabelos desalinhados como um campo de trigo após a ventania, mãos calejadas que transformavam madeira morta em mobília com alma. Sua marcenaria cheirava a pinho e verniz, e suas tardes eram marcadas não por relógios, mas pelo ângulo do sol entrando pela janela grande, suja de respingos de tinta. Ele era jazz: improvisado, quente, cheio de soul.
O destino, num capricho pouco usual, não os colocou em um café charmoso ou em um acidente de trânsito dramático. Foi uma cadeira quebrada. A cadeira de balanço preferida da avó de Valentino, uma relíquia que ele herdara junto com a casa à beira do lago, longe do barulho da cidade.
Valentino entrou na oficina com a peça desmontada, um estranho em território selvagem. O ar, pesado com o cheiro de madeira e suor, pareceu desafiar seu perfume amadeirado. Sven levantou os olhos, não para o terno, mas para a dor disfarçada no rosto do homem.
“Ela balançava todas as noites, antes de dormir,” disse Valentino, a voz mais suave do que o esperado.
Sven apenas acenou, passando os dedos sobre o carvalho envelhecido. “A madeira lembra. Só preciso ajudá-la a se lembrar de como ser forte outra vez.”
Enquanto Sven trabalhava, pacientemente, colando, lixando, restaurando a alma da cadeira, Valentino começou a aparecer, primeiro com desculpas – “só para ver o progresso” – depois sem nenhuma. Ele trocava o terno por uma camisa simples e ficava sentado em um banco, observando as mãos de Sven darem vida à inércia. Aprendeu que existia uma poesia no grão da madeira, uma música no zumbido da lixa.
Sven, por sua vez, aprendeu a ler os silêncios de Valentino. O cansaço nos seus ombros após uma longa chamada de vídeo, a sombra de solidão que seus ternos caros não conseguiam esconder. Ofereceu-lhe café forte, em xícaras trincadas, e histórias sobre as árvores da região.
O amor não chegou como um trovão. Chegou como o pôr do sol que dourava a oficina, lento e inevitável. Chegou no dia em que a cadeira ficou pronta, perfeita, e Valentino, ao sentar-se nela, não pensou na avó, mas em como aquele balanço suave combinava com a batida do seu coração sempre apressado.
“Está nova,” sussurrou Valentino, os olhos verdes fixos em Sven.
Sven limpou as mãos em um pano, um sorriso pequeno nos lábios. “Ela sempre foi. Só precisava de um pouco de cuidado.”
Valentino levantou-se, e o espaço entre eles, antes preenchido por serragem e formalidades, pareceu diminuir até sumir.
“E eu?” perguntou Valentino, a voz um fio de esperança. “Preciso de quê?”
Sven estendeu a mão, oferecendo não um aperto, mas uma conexão. A mão calejada envolveu a de Valentino, áspera e suave, jazz e sinfonia, finalmente em harmonia.
“De tempo,” respondeu Sven, suavemente. “Só de tempo.”
E naquela oficina cheia de histórias de madeira, sob a luz dourada do fim de tarde, os dois começaram a construir uma nova. Juntos.