Steve Collins and Jimmie Ackerman fuck

**O Maquinista e o Pintor de Pássaros**
Steve Collins era um homem de horários. Como maquinista de uma ferrovia de carga, sua vida era ditada por trilhos, horários de partida e a solidão das longas jornadas entre montanhas e desertos. Conhecia cada curva da linha, o apito de cada cidade adormecida, mas mal conhecia o sabor de um café compartilhado.
Jimmie Ackerman era um sonhador de asas. Pintor de aves, passava seus dias em um estúdio cheio de telas, tentando capturar o instante fugaz de um beija-flor ou a majestade de uma águia. Sua vida era uma paleta de cores e um caos criativo, onde o tempo era medido pela secagem da tinta, não por relógios.
O destino os colocou no mesmo lugar, em momentos diferentes. O estúdio de Jimmie ficava em um armazém abandonado ao lado dos trilhos, com uma janela gigante que dava para a ferrovia. Todas as tardes, o trem de Steve passava, um rugido de aço e vapor que fazia as telas de Jimmie tremerem.
Inicialmente, Jimmie amaldiçoava a interrupção. Até que um dia, ele notou algo. O maquinista, um vulto na cabine, sempre acenava. Um gesto pequeno e solitário, quase perdido na velocidade.
Intrigado, Jimmie começou a acenar de volta. E então, começou a pintar. Criou uma série de pequenos quadros, cada um representando um pássaro diferente, e os pendurou na janela, um novo a cada semana, para o homem do trem ver.
Steve, em sua cabine solitária, começou a esperar por aquela curva. O aceno e o novo pássaro na janela tornaram-se o ponto alto de sua semana. Ele nunca parava, mas reduzia a velocidade, só o suficiente para ver as cores, para tentar decifrar o rosto por trás daquela gentileza silenciosa.
Um inverno rigoroso congelou os trilhos. O trem de Steve ficou parado por uma noite inteira, a apenas duzentos metros do estúdio. A bravata do motor silencioso era estranha. Com uma coragem que não sabia que tinha, Steve desceu e caminhou até o armazém.
A porta estava entreaberta. Lá dentro, Jimmie estava diante de uma tela grande, pintando um falcão em pleno voo. Ele se virou, surpreso, e os dois homens se encararam no silêncio pesado.
“Você”, Jimmie disse, um sorriso nascendo em seu rosto.
“Os pássaros”, Steve respondeu, sua voz rouca da falta de uso.
Steve apontou para uma pequena tela no cavalete, um cardeal vermelho contra a neve. “Esse foi o meu favorito.”
“Eu sabia”, Jimmie sussorrou. “Você diminuiu a velocidade por mais tempo naquela semana.”
Naquela noite, não houve apitos, nem horários. Apenas dois copos de vinho barato, histórias trocadas e a descoberta de que o homem dos trilhos e o pintor de pássaros eram, no fundo, a mesma coisa: dois solitários procurando por um ponto de referência, um porto seguro.
Quando a linha foi liberada na manhã seguinte, Steve voltou para seu trem. Mas algo havia mudado. Ao fazer a curva, ele não viu apenas um pássaro na janela. Viu Jimmie, de pé ao lado de sua tela, segurando uma xícara de café e acenando.
E Steve soube, no fundo de seu coração de maquinista, que havia finalmente encontrado o seu destino final.