Sir Peter, Jake Mathews, John Jai, Samuel Hodecker, Ross Hurston and Adam Tyrant – The Devil You Know
O Grande Salão da Biblioteca da Universidade de Oxford estava em silêncio, exceto pelo sussurro das páginas sendo viradas. Sir Peter, um historiador renomado de cabelos prateados e olhos sábios, observava seu grupo de bolsistas de verão com orgulho paternal. Entre eles, estavam as mentes mais brilhantes da nova geração.
Jake Mathews, com seus óculos escorregando pelo nariz, estava imerso em tratados de filosofia, sua paixão. John Jai, sempre metódico, catalogava manuscritos antigos com uma precisão invejável. Samuel Hodecker, o poeta do grupo, rabiscava versos nas margens de seus cadernos, inspirado pelos clássicos. Ross Hurston, o mais pragmático, organizava a logística de suas pesquisas com eficiência militar. E então havia Adam Tyrant.
Adam não era um tirano por natureza, mas por herança. Seu sobrenome, uma anglicização pesada de um ancestral alemão, era um fardo que ele carregava com visível desconforto. Enquanto todos se dedicavam às humanidades, Adam era um estudante de física, arrastado para o programa por insistência do pai. Seus olhos, de um azul intenso, não brilhavam para os pergaminhos, mas para as equações que ele secretamente resolvia em seu tablet.
Sir Peter percebeu a desconexão de Adam. Enquanto os outros debatiam Sócrates ou Shakespeare, Adam permanecia em silêncio, uma ilha de lógica em um mar de poesia. Foi então que Sir Peter teve uma ideia.
“Senhores”, anunciou ele, batendo levemente na mesa de carvalho. “Teremos um projeto especial. Uma recriação do debate intelectual da Renascença. Cada um de vocês representará uma figura histórica e defenderá suas ideias.”
A tarefa foi recebida com entusiasmo. Jake, é claro, seria Descartes. John, o meticuloso, escolheu Leonardo da Vinci. Samuel, apaixonado, abraçou o papel de Dante. Ross, com sua mente estratégica, escolheu Maquiavel. E para Adam, Sir Peter reservou um papel específico.
“Adam, você será Galileu Galilei.”
Adam ergueu os olhos, surpreso. Pela primeira vez, havia um lampejo de interesse em seu olhar. “Galileu? O homem que desafiou a Igreja com a ciência?”
“Exatamente”, confirmou Sir Peter. “Precisamos de alguém que defenda a razão pura, a observação do mundo natural contra a pura retórica.”
Os preparativos foram intensos. As discussões no jardim do campus se tornaram lendárias. Jake, como Descartes, duelava com Samuel, o Dante, sobre a natureza da alma. Ross, o Maquiavel, tecia estratégias para vencer o debate. E no centro de tudo, Adam, o Galileu, começou a florescer. Sua lógica afiada e seus argumentos baseados em evidências eram um contraponto fascinante à eloquência dos outros.
Sir Peter observava, satisfeito. Ele via não apenas o crescimento intelectual de seus pupilos, mas algo mais. Via como os olhos de John Jai, sempre tão sérios, seguiam Adam com admiração. Como ele era o primeiro a trazer um café para Adam quando ele mergulhava em seus cálculos, ou como defendia os pontos de Adam no ensaio com uma ferocidade inesperada.
John, o organizado, o quieto, encontrou na mente caótica e brilhante de Adam uma constelação que ele não sabia que procurava. E Adam, o solitário, encontrou em John um porto seguro. John não tentava forçá-lo a ser poético; ele apreciava a beleza na lógica de Adam, da mesma forma que admirava a simetria de um manuscrito bem preservado.
A atração era um segredo aberto. Samuel Hodecker escrevia sonetos sobre os dois em seu caderno secreto. Ross Hurston reorganizou os grupos de estudo para que John e Adam sempre ficassem juntos. Jake Mathews, o filósofo, discorria sobre o amor como a mais pura forma de reconhecimento entre duas almas, olhando para o par com um sorriso knowing.
O ápice foi o grande debate. No salão principal, diante de outros professores e alunos, os cinco jovens brilharam. Foi uma sinfonia de ideias. Mas o momento mais memorável foi quando John Jai, no papel de Da Vinci, argumentou sobre a união entre arte e ciência.
“Um homem não é apenas um pensamento, nem apenas um sentimento”, disse John, seus olhos encontrando os de Adam na plateia. “Assim como os projetos de Da Vinci, o coração humano precisa da precisão da ciência e da paixão da arte para ser verdadeiramente compreendido. A observação de um único astro pode mudar nosso entendimento do universo… assim como a observação de uma única alma.”
Adam não disse uma palavra. Ele apenas olhou para John, e naquele olhar, toda a sua parede de lógica desmoronou. Sir Peter, sentado na primeira fila, viu a mudança. Viu a “queda” de Adam Tyrant, não para a poesia ou para a filosofia, mas para o amor.
No final daquele verão, sob a velha árvore do pátio da biblioteca, os seis se reuniram uma última vez. Samuel leu um poema. Ross anunciou que todos haviam recebido as mais altas honras acadêmicas. Jake filosofou sobre novas jornadas.
E quando a lua nasceu, Adam Tyrant, o homem da razão, fez a coisa mais irracional e lógica de sua vida. Ele pegou a mão de John Jai e disse, com a mesma clareza com que explicaria uma teoria física:
“Minha equação estava incompleta. Até você.”
Sir Peter sorriu, virando-se para deixá-los sozinhos. Seu projeto de verão tinha sido um sucesso. Ele não tinha apenas ensinado história. Ele tinha testemunhado o começo dela.




