Simon Best and Martin Hlozek fuck raw
						O silêncio do estúdio de gravação era absoluto, um vácuo criativo que **Simon Best** preenchia com puro nervosismo. Ele era um produtor musical, um arquiteto de sons, famoso por seu ouvido implacável e por hits que dominavam as paradas. Mas seu último projeto estava emperrado. A banda *”Velvet Abyss”* tinha tudo – menos alma. E Simon, cuja vida era uma busca obsessiva pela faixa perfeita, sentia-se perdido.
A gravadora, em um ato de desespero, enviou um “consultor criativo”.
**Martin Hlozek** entrou no estúdio como uma brisa. Não trazia equipamentos caros ou jargões técnicos. Apenas uma mochila surrada, um caderno de esboços e um sorriso tranquilo. Era um artista visual, especializado em sinestesia – pintava o que ouvia.
“Precisamos ver a música”, Martin explicou, sua voz era calma, um contraste direto com a tensão de Simon. “Não apenas ouvi-la.”
Simon, cético, aceitou com relutância. Enquanto a banda tocava uma balada insossa, Martin começou a desenhar. Suas mãos, manchadas de tinta, moviam-se com uma fluência hipnótica. No papel, surgiram não notas musicais, mas formas orgânicas. Cores frias e quentes se entrelaçavam, criando uma paisagem emocional que a música, sozinha, não conseguia transmitir.
“Está vendo?” Martin apontou para um emaranhado de cinza no centro do desenho. “O refrão deveria explodir aqui, mas está contido. A música tem medo de sentir.”
Simon ficou paralisado. Ele, que analisava espectrogramas e equalizava frequências, estava vendo a alma da sua música pela primeira vez. Era bagunçada, imperfeita e linda.
Dali em diante, tornaram-se co-criadores. Simon manipulava os sons; Martin traduzia-os em cores e formas. Era uma linguagem única, falada apenas entre eles. Martin desenhava uma explosão de amarelo-ouro, e Simon sabia que precisava de mais cordas, mais reverberação. Simon criava um *bridge* sombrio e complexo, e Martin capturava sua textura com camadas de tinta preta e azul-marinho.
O amor não foi uma faixa-título, mas uma melodia de fundo que gradualmente tomou conta de tudo.
Era no café que Simon preparava exatamente como Martin gostava – forte, com um toque de canela. Era no jeito que Martin limpava discretamente os óculos de Simon, manchados de tinta, quando ele se concentrava demais na mesa de som. Era no silêncio cúmplice após um dia de trabalho, quando o estúdio estava escuro, e a única luz vinha das telas de Martin, iluminando seus rostos cansados e satisfeitos.
A banda *”Velvet Abyss”* finalmente encontrou sua voz. O álbum foi um sucesso estrondoso, aclamado por sua profundidade emocional crua. No lançamento, cercado por fãs e críticos, Simon sentiu um vazio. A música soava oca sem a sua contraparte visual.
Ele encontrou Martin no terraço, longe do barulho, olhando para as luzes da cidade.
“Foi um sucesso, Simon”, Martin disse, sem se virar.
Simon não respondeu. Em vez disso, colocou seus fones de ouvido na cabeça de Martin e apertou *play* em uma nova faixa. Não era para a banda. Não era para um álbum. Era uma composição simples, apenas um piano e um violino, cheia de espaços vazios e notas sustentadas que soavam como… esperança.
Martin fechou os olhos. Quando os abriu, estavam marejados. Ele pegou um marcador preto de sua camisa e, pegando a mão de Simon, desenhou uma única linha contínua e elegante em seu pulso. A linha subia, descia e formava um laço perfeito.
“O que é isso?” Simon perguntou, sua voz um sussurro áspero.
“É o que eu ouvi”, Martin respondeu, seus dedos entrelaçando-se nos de Simon. “É o som do seu coração. E do meu. Eles estão na mesma frequência agora.”
				



