
O oceano era a única verdade para Benjamin Blue. Sua vida era governada pelas marés, pelos ventos e pela busca implacável pela onda perfeita. Como fotógrafo de surf de renome, ele congelava momentos de pura liberdade e força bruta da natureza. Sua casa era uma van, seu uniforme, um shorts e um protetor solar. Ele era nômade, solitário e completamente livre.
Shawn Rhimes era o oposto da liberdade. Como curador-chefe de um museu de arte moderna em São Francisco, sua vida era uma gaiola de vidro e concreto. Suas batalhas eram travadas em reuniões de patrocinadores, vernissages silenciosos e a pressão constante de encontrar a próxima grande obra. Seu mundo era de ângulos retos, ar condicionado e um silêncio reverencial que, às vezes, beirava o sufocante.
Seus caminhos se cruzaram por causa de uma exposição: “A Fúria e a Forma: A Força da Natureza na Arte Contemporânea”.
Shawn viajou até uma praia remota no norte da Califórnia para convencer Benjamin, um artista notoriamente arredio, a ceder suas icônicas fotografias. Ele encontrou Benjamin não em um estúdio, mas na água, lutando contra as ondas com uma câmera à prova d’água.
A primeira impressão foi um desastre. Shawn, de sapatos de couro italiano, afundou na areia. Benjamin, saindo da água com o torso salgado e o cabelo pingando, olhou para o homem de terno como se ele fosse um alienígena.