SEX in MADRID – Pablo Bravo

A cidade acordava com o som dos martelos e o cheiro de concreto fresco. **Pablo Bravo** era o melhor pedreiro da região, um artista anônimo do cimento e da argamassa. Suas mãos, calejadas e fortes, erguiam paredes tão retas e sólidas que pareciam desafiar a própria gravidade. Ele construía casas para outros, mas sua própria vida era um cômodo vazio, sem mobília nem calor.
Todas as manhãs, no mesmo horário, ele via uma mulher correndo no parque próximo à sua obra. Ela tinha o ritmo de quem corria não por obrigação, mas por prazer, e seus cabelos formavam uma esteira negra ao vento. Pablo começou a ajustar seu horário de café apenas para vê-la passar.
Um dia, uma chuva repentina transformou o canteiro de obras em um lamaçal. A corredora, desviando de uma poça, escorregou e caiu de jeito no barro. Pablo foi o primeiro a alcançá-la, estendendo sua mão grossa e suja de cimento.
Ela olhou para a mão, depois para o rosto preocupado de Pablo, e aceitou, rindo. “Que desastre,” disse ela, tentando se limpar, mas só espalhando mais lama.
“Toda obra tem seu período de sujeira,” Pablo respondeu, com uma calma que acalmou até a chuva. “O importante é a fundação. E a senhora parece ter uma ótima fundação.”
Seu nome era Clara. Ela era florista, e suas mãos, ao contrário das dele, lidavam com pétalas e caules frágeis. Ele ficou fascinado pela delicadeza dela; ela, pela força sólida e silenciosa dele.
Pablo, que passava a vida construindo coisas para os outros, decidiu construir algo para si. Nas horas vagas, usando sobras de madeira nobre, ele fez um pequeno e elaborado vaso. Não era perfeito como uma parede, tinha marcas de ferramentas e uma imperfeição que ele deliberadamente não lixou, para que tivesse personalidade.




