Seb Priestley (Jerry Hannan) and Bastian Dufy fuck
A cidade era um cinza úmido, mas o beco atrás do antigo mercado pulava de cor. Era onde Bastian Dufy, com as mãos manchadas de tinta e um velho boné puxado sobre os olhos, declarava guerra à monotonia. Seus murais eram sonhos explosivos contra o concreto, cheios de aves de fogo e crianças navegando em barcos de papel gigantes.
Seb Priestley observava de longe, da janela de seu apartamento minúsculo que dava para o beco. Seb era um escritor, ou pelo menos costumava ser. Agora, ele era um colecionador de páginas em branco e garrafas vazias. O bloqueio do escritor havia se instalado como um inquilino permanente em sua mente, e a única coisa que ele produzia era o som do gelo batendo no vidro.
Ele via Bastian trabalhar todas as noites. O homem era um furacão de energia, subindo e descendo na escada, suas latas de spray sibilando canções de criação. Seb sentia uma inveja agridoce. Como alguém podia ter tanta certeza, tanta coisa para dizer?
Uma noite, Bastian pintou uma figura solitária sentada no alto de um prédio, olhando para um céu cheio de estrelas que na verdade eram buracos de bala. A figura tinha as costas viradas, mas Seb sentiu um aperto no peito. Era ele.
No dia seguinte, desceu até o beco. O cheiro de tinta spray era forte. Bastian estava limpando suas ferramentas, o rosto cansado mas sereno.
“É bom,” Seb disse, a voz rouca pelo desuso.
Bastian virou-se, surpreso. Seus olhos percorreram Seb, da postura encolhida às mãos vazias. “Só ‘bom’?” Ele riu, sem malícia.
“É… verdadeiro,” Seb corrigiu, encarando o mural.
Bastian acenou com a cabeça, entendendo. “A cidade precisa de verdade. Precisa de histórias.”
“Eu não tenho mais nenhuma,” a confissão saiu de Seb antes que ele pudesse detê-la.
Bastian pegou uma lata de spray branca e a estendeu para Seb. “Então não escreva. Pinte.”
Seb recuou. “Eu não sei.”
“Ninguém sabe, no começo. A parede não julga. Ela só aceita.”
Hesitante, Seb pegou a lata. Era mais pesada do que imaginava. Ele olhou para a parede, para a figura solitária, e então levantou o braço. O spray saiu com um assobio, um jato branco e descontrolado. Ele fechou os olhos e apenas se moveu, deixando a frustração, o medo e o silêncio transbordarem em linhas tortas e manchas abstratas.
Quando parou, ofegante, havia uma confusão branca ao lado da figura solitária de Bastian. Era feio, sem forma, mas era seu.
Bastian estudou a adição caótica por um longo momento. Depois, pegou suas próprias latas e começou a trabalhar. Ele transformou as linhas brancas de Seb em um redemoinho de vento ao redor da figura, em pássaros tentando levantar voo do caos. Integrou a confusão de Seb na sua própria narrativa.
Seb assistiu, maravilhado. Sua angústia sem forma havia se tornado parte da beleza.
“Viu?” Bastian disse, recuando. “Você só precisava de uma parede diferente.”
Seb olhou para suas mãos, agora manchadas de branco. Pela primeira vez em meses, as palavras não pareciam um inimigo. Elas estavam apenas esperando para serem pintadas de uma nova maneira. O beco não estava mais em silêncio; ele estava cheio da história deles.




