Sean Ford (theonlyseanford) – Showing off my ass and jerking off

Sean Ford, conhecido online como @theonlyseanford, não buscava mais fama. Seus dias de vlogs hipercinéticos e desafios virais estavam anos-luz para trás. Agora, o que ele buscava era silêncio. O apelido que um dia foi uma marca, uma identidade digital gritada por milhões, soava como um eco distante.
Ele havia herdado uma pequena cabana à beira de um lago no norte, longe de qualquer torre de celular. O plano era simples: desconectar, existir sem performar, talvez ler os livros de papel que acumulava poeira em uma prateleira. Mas velhos hábitos são fantasmas teimosos.
No primeiro dia, arrumando a desordenada lareira, encontrou uma velha filmadora MiniDV, da era pré-smartphone. A bateria, milagrosamente, ainda segurava uma carga fraquíssima. Por puro reflexo nostálgico, Sean pressionou o botão de gravar. O visor eletrônico acendeu, mostrando a imagem granulada da sala empoeirada.
“Dia um do projeto ‘Desconexão Total’,” ele disse para a lente, num tom irônico que não usava há tempos. “Aqui é… Sean Ford.” Hesitou. “Só Sean, na verdade.”
Ele filmou bobagens: a vista do lago, a chaleira assobiando, a pilha de lenha. Era um ritual estranho e confortante, falar para uma máquina que não faria upload automático para lugar nenhum. Naquela noite, exausto, deixou a filmadora ligada, apontada para a janela aberta, capturando a dança das sombras das árvores ao luar.
Ao amanhecer, a bateria estava morta. Sean suspirou, achando que era um fim poético. Mas uma coceira, a mesma que o levava a checar visualizações no passado, o fez procurar um velho laptop e um cabo de transferência.
Ao reproduzir a gravação, tudo era como lembrava até a meia-noite. Então, a imagem estática da floresta à noite começou a mudar. As sombras na neve, antes aleatórias, pareciam se reorganizar. Formaram letras, palavras. Sean aumentou o volume ao máximo. Sob o sussurro do vento, havia uma voz sussurrante, quase digital, distorcida:
“Sean… Ford… The… Only… Sean… Ford…”
Ele sentiu um calafrio. Era sua própria voz, editada e espalhada em milhares de vídeos antigos, remixada de maneira grotesca.




