Sean Ford and Sedessen flip fuck

O vento soprava frio nas ruas de Belfast, mas Sean Ford não o sentia. Seus passos eram rápidos e determinados, ecoando nas pedras úmidas do calçadão que levava ao estúdio de arte. Ele carregava consigo não apenas a mala de ferramentas de restauro, mas o peso de uma promessa feita a um museu de Londres. A obra em questão: um pequeno, porém deslumbrante, retrato do século XVIII de uma jovem com um vestido azul, danificado por um infiltração de água no transporte.
Ao entrar no estúdio, silencioso e impregnado pelo cheiro de tinta e verniz, ele a viu. Não a pintura, mas a curadora encarregada do projeto. Seu nome era Sedessen, um nome tão único e melódico quanto ela era estranhamente familiar. Ela tinha cabelos cor de ébano que caíam sobre os ombros e olhos que pareciam conter a profundidade de um céu noturno.
— Sr. Ford? — sua voz era suave, um contraste com o ruído da cidade lá fora. — Estava à sua espera. Ela está aqui.
Sessen (como ele descobriu que preferia ser chamada) guiou-o até a pintura. Sean, normalmente imerso em sua análise clínica da tela, encontrou sua concentração quebrada. Ele notava o jeito como ela gesticulava ao explicar a história da obra, a paixão contida em suas palavras quando falava sobre a pincelada do artista, a sombra de preocupação que cruzava seu rosto ao apontar para a mancha de água que ameaçava o vestido azul da figura.
Os dias se transformaram em semanas. O estúdio tornou-se seu mundo compartilhado. Sean trabalhava com uma paciência infinita, removendo sujeira seculares e aplicando seus solventes milimétricos. Sessen observava, às vezes em silêncio, outras vezes fazendo perguntas que iam além da técnica, mergulhando na filosofia de preservar uma história, um sentimento congelado no tempo.
Eles descobriram afinidades inesperadas: o amor pelo chá forte demais, pela poesia melancólica de Yeats e pelo som da chuva batendo no vitral do estúdio. Ele, um homem de gestos práticos e silêncios confortáveis, encontrou naquela mulher de palavras precisas e inteligência afiada uma ressonância para sua própria alma quieta.
Uma tarde, enquanto Sean trabalhava no rosto da jovem do retrato, restaurando um pequeno dano perto do sorriso, ele sentiu a presença de Sessen mais perto que o normal.
— Você não acha que ela parece… contente? — Sessen sussurrou, como se não quisesse perturbar a modelo de 300 anos. — Não é um sorriso de pose. É real.
Sean baixou a lupa e olhou para Sessen, não para a pintura.
— Talvez o artista a amasse — ele disse, a voz um pouco rouca por horas de silêncio. — Você pode ver o amor na pincelada. A forma como ele capturou a luz em seus olhos.
O ar entre eles ficou denso, carregado de algo não dito. Sessen fitou-o, e naquele momento, Sean não viu a curadora nem a especialista. Viu apenas uma mulher com um vestido cor de vinho, sob a luz dourada do entardecer, e a profundidade de seus olhos era um lugar onde ele queria se perder.
O trabalho estava quase terminado. O vestido azul recuperara seu brilho celestial, a mancha era apenas uma lembrança quase imperceptível. Mas uma tristeza começou a pairar sobre eles. A restauração bem-sucedida significava o fim daqueles dias. A pintura voltaria para Londres, e com ela, Sessen.
Na última manhã, com a caixa de transporte aberta e aguardando, Sean e Sessen ficaram lado a lado, olhando para a obra concluída. A jovem do vestido azul sorria, eternamente presa em seu momento de felicidade.
— É difícil deixá-la ir — Sessen disse, sua voz sussurrante. — Você se apega. Investe tanto de si mesmo que parece que uma parte de você vai embora junto.
Sean virou-se para ela. A coragem que ele tinha para enfrentar tecidos frágeis e tintas desbotadas faltava-lhe agora. Mas o pensamento de deixá-la ir era insuportável.
— Nem tudo precisa ir embora — ele disse, tomando sua mão. Seus dedos eram finos e frios, e ele os envolveu com os seus, grossos e marcados pelo trabalho. — Algumas coisas são restauradas para serem preservadas, outras… outras são encontradas para serem mantidas.
Sessen olhou para suas mãos entrelaçadas, e então para seu rosto. Nos olhos dele, ela não viu o restaurador meticuloso, mas um homem que havia encontrado algo infinitamente mais precioso do que qualquer obra de arte.
— E no que nós nos encaixamos, Sean Ford? — ela perguntou, uma centelha de esperança brilhando em seus olhos profundos.
— Na segunda categoria — ele sussurrou, puxando-a suavemente para perto de si. — Definitivamente, na segunda.
E quando ele a beijou, sob a luz suave do estúdio, com a jovem do vestido azul como testemunha silenciosa, Sean entendeu que algumas histórias não precisam ser restauradas do passado. Podem ser cuidadosamente construídas no presente, com pinceladas de coragem e tons de um futuro por vir. E o nome dessa nova obra-prima, ele sabia, seria Sedessen.