Sean Austin and Sir Peter fuck – Gettin Screwed

**O Motorista e o Lorde**
Sean Austin conhecia cada rua, cada beco e cada atalho da cidade. Como motorista de táxi, sua vida era um fluxo constante de passageiros anônimos, de histórias fragmentadas ouvidas pelo retrovisor, de faróis riscando a noite. Sua existência era solitária, mas em movimento – um nômade urbano cujo castelo era a cabine desgastada de seu carro.
Sir Peter, por outro lado, era um monumento à imobilidade. Herdeiro de uma fortuna antiga e um título que soava a poeira, ele habitava uma mansão georgiana no coração da cidade como se fosse uma ilha. Sua vida era uma sucessão de jantares formais, reuniões de curadoria e a esmagadora solidão de quem é tratado mais como um símbolo do que como uma pessoa.
Uma noite de chuva torrencial, o destino – ou um sistema de reservas – colocou Sean na calçada da mansão de Sir Peter. O lorde, envolto em um sobretudo impecável, entrou no táxi com um aceno silencioso.
“Para o Royal Opera House, por favor”, disse uma voz suave e educada.
O trajeto foi feito em silêncio, até que um acidente fechou a rota principal. Sean, com a expertise de quem conhece as veias da cidade, mergulhou em um labirinto de ruas laterais.
“Você parece conhecer bem a cidade”, observou Sir Peter, quebrando o silêncio.
“É a minha casa”, Sean respondeu, simplesmente. “Diferente da sua, a minha eu posso levar para qualquer lugar.”
A observação, sem nenhuma intenção de ironia, atingiu Sir Peter de uma forma estranha. Ninguém jamais tinha colocado as coisas daquela maneira.
Na noite seguinte, na mesma hora, Sir Peter ligou para a cooperativa e pediu especificamente pelo “motorista número 247”. Sean ficou surpreso. E na noite seguinte, também. E na que veio depois.
Os passeios noturnos tornaram-se um ritual. Sir Peter inventava compromissos, mas o verdadeiro destino era a própria jornada. Dentro da cabine do táxi, longe das expectativas e dos criados, ele era apenas Peter. E Sean, que estava acostumado a ouvir histórias, começou a contar as suas – sobre sua filha na universidade, sobre o som da chuva no asfalto, sobre a liberdade de não pertencer a lugar nenhum e a todos ao mesmo tempo.
Peter, que possuía tudo, sentia inveja daquela liberdade. Sean, que não possuía quase nada, sentia uma curiosidade afetuosa pela prisão dourada daquele homem.
Numa noite, Peter cancelou a ópera. “Apenas conduza”, ele pediu. Sean dirigiu até o ponto mais alto da cidade, de onde se via toda a metrópole cintilando como um tesouro roubado.
“É tudo seu, lá embaixo?”, Sean perguntou, olhando para a cidade através do espelho.
“É tudo meu, e nada é”, Peter sussurrou, seus olhos encontrando os de Sean no reflexo. “Até esta cabine. Este é o único lugar que realmente sinto como meu.”
Sean estacionou o carro. A chuva começou a cair, envelopando-os em um casulo de som e névoa.
“Peter”, Sean disse, pela primeira vez usando seu primeiro nome, “um táxi é só um carro. O lugar… o lugar é onde a gente está.”
E naquela cabine cheia de histórias de estranhos, o motorista e o lorde descobriram um território comum. Não era sobre riqueza ou pobreza, mobilidade ou estabilidade. Era sobre a geografia simples de duas solidões que, por acaso, haviam se encontrado no mesmo mapa. E decidiram que, dali em diante, navegariam juntos.