Se puso como una perra para llevar verga – Alejandro_20, Petter_Spencer18
O mundo era um lugar barulhento e sobrecarregado para Alejandro. Sua mente processava tudo em alta definição: o zumbido da lâmpada de LED, a textura áspera de certos tecidos, o sussurro de uma conversa três mesas adiante. Ele encontrava sua ordem no silêncio e na rotina, e no perfil de @Petter_Spencer18.
Petter era o oposto. Suas postagens eram um turbilhão de cores – fotos de murais de grafite, vídeos de skate em escadarias da cidade, selfies sorridentes sob a chuva. Ele era caos e espontaneidade, e Alejandro o seguia não com a vontade de participar, mas com o fascínio tranquilo de quem observa um furacão de trás de uma vidraça inquebrável.
Era um seguimento silencioso, um like ocasional em uma foto particularmente bonita. Até o dia em que Petter postou um story às 2h da manhã. Não era uma festa. Era uma foto de seu quarto escuro, com a legenda: “Às vezes o barulho para dentro é pior que o de fora.”
Alejandro, também acordado, sentiu aquela frase como um choque. Era uma vulnerabilidade que ele entendia perfeitamente. Pela primeira vez, ele respondeu a um story. Não com um emoji, mas com palavras.
“O silêncio também pode ser barulhento demais. Tente focar em uma coisa de cada vez. A textura do seu cobertor. O som do seu próprio respiro.”
Minutos depois, uma resposta de Petter: “Funcionou. Obrigado, estranho.”
Um fio de conexão, frágil como teia de aranha, foi tecido naquela madrugada. As mensagens diretas começaram. Curtas no início. Alejandro explicava como ele organizava o mundo para que ele fizesse sentido. Petter contava como ele tentava colorir o mundo para torná-lo mais suportável.
Eles eram universos paralelos, @alejandro_20 e @petter_spencer18. Um que construía fortalezas de quietude, outro que pintava a cidade com sua energia. E, no entanto, nas mensagens que se tornavam mais longas, mais profundas, eles descobriram que ambos lutavam contra o mesmo monstro, apenas com armas diferentes.
O primeiro encontro foi combinado em um parque, às 10h de uma terça-feira, quando estava mais vazio. Alejandro chegou exatamente no horário. Petter chegou 5 minutos atrasado, de skate.
“Você é mais alto na vida real”, disse Petter, seu sorriso fácil um contraste com a postura cautelosa de Alejandro.
“Você é mais… laranja”, Alejandro retrucou, olhando para o boné vibrante de Petter.
Petter riu. Um som que, para a surpresa de Alejandro, não o incomodou. Soou como o oposto de barulho. Soou como alívio.
Eles caminharam. Alejandro apontou o padrão simétrico das pedras do caminho. Petter mostrou a Alejandro como as nuvens se pareciam com um dragão cuspidor de fogo. E, num banco de praça, sob a sombra de uma árvore, as mãos deles se encontraram. A mão de Petter era quente e um pouco áspera. A de Alejandro, mais fria e suave.
O toque não era uma sobrecarga. Era um ponto focal. Era silêncio e cor, juntos.
“É estranho”, sussurrou Petter, seus dedos entrelaçando-se nos de Alejandro. “Eu passo a vida tentando ser visto, e foi preciso alguém que quase não fala para me fazer sentir *ouvido*.”
Alejandro olhou para suas mãos entrelaçadas, um sorriso pequeno e raro tocando seus lábios.
“E eu passo a vida construindo muros”, ele respondeu. “E foi preciso um furacão para me mostrar a vista lá de fora.”




