Samuele Cunto (sexysamu) – BROTHERHOOD fuck with mynameisedo, ivan.ilterribile, and mirkotwink
O apartamento era um caos criativo. Latas de tinta spray rolavam pelo chão coberto por panos, e esboços de personagens de anime e grafites clássicos cobriam as paredes como uma segunda pele. Era o santuário de **ivan.ilterribile**, o rei indiscutível do graffiti da cidade, e de **mirkotwink**, seu parceiro em arte e em tudo mais, cujas ilustrações digitais eram uma explosão de cores néon e ternura fofa. Eles eram o equilíbrio perfeito: a ousadia urbana de Ivan e o coração aberto de Mirko.
A vida deles era uma sinfonia de spray e risadas, até que o universo, de forma desastrada e um pouco cruel, decidiu adicionar um novo instrumento.
O instrumento veio na forma de **mynameisedo**, o novo gerente do prédio, enviado pela imobiliária para “colocar ordem na casa”. Ele usava camisas sociais alvas, sapatos engraxados e carregava uma prancheta digital com a autoridade de quem nunca teve uma gota de tinta na vida.
“A política do condomínio proíbe expressamente modificações nas áreas comuns, incluindo a fachada do prédio,” Edo declarou, em sua primeira visita, olhando para o mural vibrante que Ivan e Mirko haviam pintado no hall de entrada. Seu tom era neutro, profissional, impenetrável.
Ivan bufou, os braços cruzados sobre o peito tatuado. “Chama-se arte, querido. Melhora o valor da propriedade.”
Mirko, sempre o pacificador, ofereceu um sorriso tímido. “Talvez possamos encontrar um meio-termo?”
Edo apenas anotou algo em sua prancheta. “O meio-termo é a tinta branca. Tenham um bom dia.”
Nos dias que se seguiram, uma guerra fria se instalou. Edo deixava avisos formais sob a porta; Ivan pintava pequenos desenhos escondidos nos cantos mais improváveis, assinados com sua *tag* característica. Mirko tentava suavizar a situação, deixando um muffin caseiro em cima da pilha de notificações.
A virada aconteceu em uma noite de tempestade. A energia caiu no prédio inteiro. Enquanto os outros residentes resmungavam nas escadas, a porta do apartamento de Ivan e Mirko se abriu, lançando uma luz de vela no corredor.
“Entre,” disse Ivan, relutante. “Antes que você escreva uma multa por obstrução de corredor com sombra.”
Dentro, à luz das velas, o apartamento parecia ainda mais mágico. As pinturas ganhavam vida na penumbra. Edo, deslocado em seu traje impecável, sentou-se no sofá, observando em silêncio enquanto Mirko fervia água para o chá no fogão a gás e Ivan mexia uma lata de feijão.
Foi então que Edo viu. No canto de um sketchbook aberto de Mirko, havia um desenho delicado de… ele mesmo. Mas não o gerente rigoroso. Era ele com um pequeno sorriso no rosto, segurando uma xícara de chá, com a gola da camisa social levemente desalinhada. Era íntimo. Era gentil.
“Por que você me desenhou?” ele perguntou, sua voz mais suave do que nunca.
Mirko corou. “É um hábito. Desenho as pessoas como… como gostaria que elas fossem. Menos duras.”
Ivan resmungou, entregando uma tigela de feijão para Edo. “Ele vê o melhor em todo mundo. Até em burocratas insuportáveis.”
Edo olhou para a tigela quente, depois para o desenho, e então para os dois. A armadura de eficiência e regras começou a rachar. Ele viu a parceria deles, o amor que respirava naquele caos, e sentiu uma solidão que nem mesmo uma prancheta perfeitamente organizada podia preencher.
“O mural no hall,” Edo começou, hesitantemente. “É… realmente muito bom.”
Ivan ergueu uma sobrancelha. “Está recuando, ‘senhor gerente’?”
“Estou reconsiderando,” Edo corrigiu, um canto de sua boca se curvando. “Com a condição de que eu possa… talvez… ver como se faz.”
A tempestade passou, e a energia voltou. Mas algo fundamental havia mudado. As visitas de Edo não eram mais sobre inspeções, mas sobre xícaras de chá e sessões de desenho. Ele trocou a prancheta por um caderno de esboços, aprendendo os contornos incertos do mundo da arte sob a tutela paciente de Mirko e os comentários sarcásticos, mas agora afetuosos, de Ivan.
O amor deles não foi um raio, mas uma tinta que penetra lentamente. Não nasceu de uma paixão instantânea, mas da descoberta de que as cores mais vibrantes muitas vezes surgem quando se misturam tons que nunca deveriam combinar. E no novo mural que os três pintaram juntos na fachada – uma fusão ousada do graffiti de Ivan, da doçura néon de Mirko e das linhas precisas e ordenadas de Edo – havia uma nova assinatura, riscada discretamente no canto: **mynameisedo, ivan.ilterribile & mirkotwink**.




