Rubber bound and fucked – Johnny Tyson, Woodxbound, Marco Star
A estrada de terra vermelha serpenteava por um deserto de pinheiros sob um céu de aço. **Johnny Tyson** guiava sua picape velha, o som de um blues raivoso saindo dos alto-falantes distorcidos. Ele era um caçador de tempestades, um homem que perseguia tornados não por ciência, mas por uma fúria interior que só se acalmava diante de um poder maior que o seu. Seus olhos, por trás dos óculos de aviador, eram cicatrizes abertas.
No banco do passageiro, **Marco Star** ajustava a câmera, seus dedos finos e ágeis contraindo-se de ansiedade. Ele era um fotógrafo de conflitos, famoso por capturar a beleza grotesca da guerra. Estava lá para documentar a fúria do clima, mas sua alma ainda estava presa em um campo de batalha do outro lado do mundo, saltando a cada trovão.
Eles estavam seguindo **Woodxbound**.
Woodxbound não era um homem comum. Ele era um *walker*, um andarilho lendário que supostamente conseguia prever os caminhos dos tornados com uma precisão sobrenatural. Ninguém sabia seu nome real. Ele era uma silhueta magra e queimada pelo sol, envolta em um casaco surrado, sempre à frente deles, caminhando com uma vara de madeira nodosa. Ele não usava GPS, nem rádio. Ele apenas *sabia*.
Johnny o chamava de “o Vidente”. Marco, de “o Fantasma”.
A dinâmica era tensa. Johnny, com sua raiva combustível. Marco, com seus nervos à flor da pele. E Woodxbound, a figura impassível à frente, um farol mudo em um mar de terra e céu.
A tempestade se formou no horizonte, uma monstruosidade roxa e verde. Woodxbound parou no topo de uma colina e apontou. Johnny estacionou a picape com um solavanco, e eles correram para fora, o vento já uivando como uma fera.
Johnny gritou de êxtase, seus punhos cerrados para o céu. Marco, tremendo, levantou sua câmera, mas suas mãos estavam trêmulas demais. As memórias voltaram – o estrondo de artilharia, o cheiro de pólvora e medo.
Woodxbound olhou para Marco. Seus olhos, pela primeira vez, encontraram os dele. Eles eram da cor da terra molhada, calmos e profundos. Ele não disse uma palavra. Apenas caminhou até Marco, colocou uma mão calejada sobre a câmera trêmula e a baixou suavemente. Então, ele apontou para o tornado.
“Veja”, sua voz era surpreendentemente suave, um sussurro que cortou o rugido do vento. “Apenas veja.”
Marco olhou. E pela primeira vez, ele não viu um monstro. Viu a forma, a dança, a terrível e sublime beleza da força pura. Sua respiração acalmou.
Johnny observou a interação, sua própria fúria diminuindo por um momento. Ele viu a calma que Woodxbound emanava, uma âncora no caos que ambos, Johnny e Marco, carregavam dentro de si.
O tornado passou. O silêncio que se seguiu foi mais surdo que o rugido.
Na escuridão cintilante pós-tempestade, eles montaram acampamento. Johnny compartilhou seu uísque barato. Marco, finalmente, tirou fotos – não da destruição, mas da paz estranha nos rostos de seus companheiros.
Woodxbound, sentado perto do fogo, parecia menos um fantasma e mais um homem. Ele olhou para Johnny, cuja fúria havia se dissipado em um cansaço profundo. Olhou para Marco, cujos olhos, finalmente, estavam presentes.
“Vocês dois carregam suas próprias tempestades”, Woodxbound disse, sua voz baixa. “Você”, ele olhou para Johnny, “persegue o vento para ser lembrado de que ainda pode sentir. E você”, para Marco, “tenta congelar a dor para entendê-la.”
Ninguém respondeu. A verdade era um fogo mais quente que a lenha.
Mais tarde, sob um céu agora cravejado de estrelas, Marco encontrou Woodxbound lavando suas vasilhas em um riacho próximo.
“Como você sabe?”, Marco perguntou. “Sobre as tempestades. Sobre nós.”
Woodxbound secou as mãos. “A terra sussurra. O céu grita. A maioria das pessoas não para para ouvir.” Ele fez uma pausa. “Assim como o coração de vocês.”
Johnny se aproximou, suas botas fazendo um ruído suave na grama molhada. Ele não olhou para o tornado. Olhou para Woodxbound. Para Marco. Para a distância fechada entre eles.
“E o seu?”, Johnny perguntou, sua voz áspera. “Quem ouve a sua tempestade, Walker?”
Woodxbound pela primeira vez, pareceu hesitar. Então, um sorriso pequeno e cansado tocou seus lábios. “Talvez eu tenha encontrado alguém.”
E naquela noite, sob a vastidão do céu do meio-oeste, as três tempestades – a raivosa, a traumatizada e a silenciosa – encontraram um centro comum. Johnny, Marco e Woodxbound. O caçador, o artista e o xamã. Eles não precisavam de palavras. O amor que nascia ali era como o clima: selvagem, imprevisível e a única coisa real em um mundo de ilusões.




