Rico Vega fucks Nacho Newson
O aroma de livros velhos e café era a assinatura de Nacho Newson. Dono da livraria “O Ponto Final”, ele era um curador de silêncios e histórias, um homem cuja vida se desenrolava de forma previsível e segura entre as prateleiras.
Já o cheiro que antecedia Rico Vega era uma mistura de gasolina, óleo e aventura. Ele era um motociclista que consertava Harley-Davidsons em uma oficina barulhenta três quarteirões dali. Sua vida era medida em estradas abertas e no ronco libertador de um motor.
O destino – ou, no caso, uma falha mecânica boba – os colocou no mesmo caminho. A moto de Rico morreu bem em frente à livraria de Nacho em uma tarde chuvosa de terça-feira. Empurrando a pesada máquina pela calçada, encharcado, Rico viu a luz aconchegante da livraria e decidiu se abrigar.
A campainha da porta tilintou, anunciando a entrada daquela tempestade de couro e metal no mundo sereno de Nacho.
— A senhora ali fora decidiu que já chega por hoje — disse Rico, tirando o capacete e revelando um sorriso fácil, que contrastava com a frustração do momento.
Nacho, que pulava de susto com o barulho de uma página sendo virada com força, se surpreendeu ao não se sentir invadido. Havia uma energia genuína em Rico que, em vez de quebrar a paz do lugar, parecia preenchê-lo de um novo modo.
— O café é por minha conta — ofereceu Nacho, indicando a garrafa térmica no balcão. — Parece que você precisa mais do que eu.
Enquanto a chuva caía do lado de fora, eles conversaram. Rico falou sobre o som de uma estrada deserta ao amanhecer. Nacho falou sobre o peso de um livro que você não quer que termine. Dois universos que não se tocavam, encontrando um ponto comum naquele espaço estreito entre a estante de poesia e a de viagens.




