Quick Snack – Ty Roderick and Johnny Donovan fuck
Ty Roderick era feito de rotina. Acordava às seis, tomava seu café preto, trabalhava na marcenaria até as cinco e, às sextas, parava no mesmo bar. O “Donovan’s” era antigo, de madeira escura e cheiro de cerveja e história. Ele gostava do canto mais silencioso, onde podia observar o movimento sem fazer parte dele.
Johnny Donovan, por outro lado, era o caos personificado. Herdara o bar do avô e o administrava com um sorriso fácil e uma energia que parecia iluminar o ambiente. Ele conhecia o nome de todos os clientes, lembrava de suas bebidas e tinha uma piada para cada um. Menos para Ty.
Ty observava Johnny. Admirava a forma como ele equilibrava três garrafas sem derrubar nenhuma, a maneira como sua risada ecoava genuína, a sombra de sua nuca quando ele se virava para pegar um copo. Era um sentimento quieto e constante, guardado a sete chaves como um segredo de marcenaria – algo delicado, polido apenas no silêncio de seus pensamentos.
Uma noite, uma tempestade violenta cortou a energia da cidade. O bar ficou às escuras, iluminado apenas por velas que Johnny espalhou apressadamente. Os clientes foram indo embora, até que só restou Ty, terminando sua cerveja na penumbra.
“Precisa ir, Ty? A rua lá fora está um dilúvio”, disse Johnny, limpando um copo à luz tremula de uma vela.
Ty balançou a cabeça. “Posso ficar até você fechar. Ajudar a guardar as coisas.”
Enquanto recolhiam copos e travessas, numa dança silenciosa entre as sombras, Johnny quebrou o silêncio.
“Você sempre vem aqui, toda sexta. Senta no mesmo lugar. Pede a mesma coisa. Mas eu nunca sei o que você está pensando.”
Ty parou, os dedos envoltos around um copo úmido. O som da chuva batendo na janela era o único ruído. A escuridão dava coragem.
“Estou pensando”, Ty disse, a voz mais suave do que o habitual, “que suas mãos são incríveis. Seguram garrafas, anotam pedidos, consertam torneiras. E eu fico imaginando como seria segurar uma delas.”
O bar ficou em silêncio, só a chuva e o crepitar das velas. Johnny não se afastou. Ele olhou para Ty, e pela primeira vez, a máscara do dono de bar desbotou, revelando o homem por trás dela.
“Elas estão aqui”, Johnny sussurrou, estendendo a mão sobre o balcão, a palma voltada para cima.
Ty hesitou por um segundo antes de cruzar a distância entre eles. Sua mão, áspera de tanto trabalhar com madeira, envolveu a de Johnny, que era mais suave, mas firme. O toque não era sobre paixão instantânea, era sobre reconhecimento. Era como se duas partes separadas, após anos à deriva, finalmente se encaixassem.
A chuva diminuiu para uma garoa. Eles ficaram ali, de mãos dadas sobre o balcão de carvalho, iluminados pelo brilho quente das velas. Não havia necessidade de palavras grandiosas.
“Fique”, Johnny pediu, seu polegar acariciando os nós dos dedos de Ty. “Fique até a energia voltar. Fique depois que ela voltar.”
Ty sorriu, um sorriso lento e raro que chegou aos seus olhos. “Minha rotina é você, Johnny. Há muito tempo.”
E naquela noite, no bar silencioso e às escuras, a rotina meticulosa de Ty e o caos organizado de Johnny se entrelaçaram, encontrando, no simples toque das mãos, uma nova e perfeita melodia para chamar de sua.




