Punheta com os brothers – Andy Lee e Brandon Wilmore
A livraria “Páginas Esquecidas” era o reino de Andy Lee. Um labirinto acolhedor de estantes de carvalho, o cheiro de papel envelhecido e a quietude que só era quebrada pelo sussurro das páginas sendo viradas. Andy era um romancista de sucesso moderado, cujo último livro, “O Silêncio Entre as Notas”, estava atrasado há meses. A pressão de sua editora era uma melodia constante e dissonante em sua mente.
Foi em uma tarde chuvosa de terça-feira que Brandon Wilmore entrou, trazendo o temporal consigo. Ele era um violoncelista, e sua chegada foi anunciada não por uma campainha, mas pelo som da água escorrendo de seu casado encharcado e pelo estalo firme de suas botas no assoalho de madeira.
“Preciso de um lugar para esperar a chuva passar,” ele disse, sua voz um contrabaixo suave que vibrou no ossos de Andy.
Andy, normalmente um guardião discreto de seu santuário silencioso, simplesmente acenou. Brandon não foi para as estantes. Ele se sentou na poltrona de veludo próximo ao balcão, fechou os olhos e, com os dedos, começou a tocar uma melodia silenciosa no joelho, seu corpo balançando levemente com uma música que só ele podia ouvir.
Andy observou, fascinado. Havia uma intensidade em Brandon, uma imersão completa no mundo interior da música que espelhava a própria imersão de Andy no mundo das palavras. E, no entanto, era o oposto: onde Andy se recolhia, Brandon se expressava.
