PrestonMilli jerk compilation

O vento outonal sussurrava através das folhas secas de carvalho que cercavam a pequena cidade de Serenity Point. Foi em uma dessas tardes douradas que Preston, um encadernador de livros com olhos tão profundos quanto as histórias que ele preservava, viu Milli pela primeira vez.
Ela não era uma tempestade, mas uma brisa suave. Sentada no banco da praça central, com um caderno de esboços no colo, Milli capturava o mundo com traços leves de carvão. Seus dedos manchados de grafite moviam-se com uma graça que fez o coração de Preston, normalmente calmo como as páginas de um livro antigo, acelerar em um compasso desconhecido.
Preston observou-a por dias, sempre à mesma hora, sempre no mesmo banco. Até que a coragem, ou talvez o destino, falou mais alto. Ele se aproximou, segurando um volume pequeno e gasto.
“Desculpe”, disse ele, a voz um pouco rouca pelo desuso. “Vejo você desenhando todos os dias. Pensei que… bem, este livro é sobre a arte do sombreamento. Talvez fosse útil.”
Milli ergueu os olhos, e Preston sentiu como se estivesse vendo o céu pela primeira vez. Seus olhos eram de um verde sereno, como os musgos que cresciam à beira do rio.
“Obrigada”, ela respondeu, um sorriso tímido brincando em seus lábios. “Eu sou Milli.”
“Preston.”
Aquele foi o primeiro de muitos encontros. Milli começou a visitar a pequena livraria de Preston, “O Reencontro”, um lugar que cheirava a papel velho, cola e promessas. Ele mostrava a ela a magia de dar nova vida a livros esquecidos, e ela, em troca, enchia as margens de seus blocos de restauro com pequenos desenhos: um pássaro no parapeito da janela, a xícara de chá fumegante de Preston, suas mãos cuidadosas trabalhando o couro.
Ele era estrutura, método, a capa sólida que protege uma história frágil. Ela era o traço espontâneo, a mancha de tinta inesperada, a emoção pura que dava cor às páginas. Nos desenhos de Milli, o mundo metódico de Preston ganhava uma suavidade que ele nunca soube que possuía.
O amor deles não foi um incêndio, mas uma encadernação cuidadosa. Foi costurado página por página, em tardes silenciosas na livraria, em passeios ao longo do rio onde Milli ensinava Preston a ver as nuances de luz na água, e ele lhe contava as histórias por trás das constelações.
Um inverno particularmente rigoroso chegou a Serenity Point. Preston adoeceu, uma gripe forte que o deixou febril e confinado ao apartamento acima da livraria. Milli cuidou dele, preparando chás e lendo para ele em voz baixa. Na manhã em que a febre finalmente baixou, Preston encontrou um pacote em cima do cobertor. Era um livro fino, encadernado à mão com o couro que ele tanto amava.
Ao abri-lo, sua respiração parou.
Era a história deles. Milli havia preenchido cada página com seus desenhos, capturando cada momento significativo desde o primeiro encontro na praça. Lá estava ele, oferecendo o livro; os dois rindo na livraria; suas silhuetas contra o pôr do sol no rio. As imagens eram vivas, cheias de emoção, e nas margens, ela havia escrito pequenos fragmentos, sentimentos que nunca havia verbalizado: o nervosismo do primeiro olhar, a paz que sentia ao ouvir sua voz, a gratidão por sua quietude constante.