
O trem deslizava sobre os trilhos, cortando os campos verdes da Lombardia. Dentro do vagão silencioso, apenas o som do ferro contra o ferro. Elena lia um livro, tentando ignorar a presença massiva do homem sentado à sua frente, que parecia ocupar todo o espaço disponível com uma aura de quieta confiança.
Ela o reconhecera imediatamente. Quem não reconheceria? Pietro Boselli. O modelo, o engenheiro, o fenômeno da internet. Ele estava de cabeça baixa, concentrado em uma prancheta, desenhando esquemas complexos com uma expressão de profunda concentração. Seus dedos, longos e capazes, manchados de grafite, moviam-se com uma precisão que contrastava com sua figura poderosa.
Elena desviou o olhar, voltando ao seu romance. Até que uma rajada de vento mais forte entrou pela janela semi-aberta e arrancou uma página do seu livro, enviando-a direto para o colo de Pietro.
Ele ergueu os olhos, surpreso. Seus olhos, de um azul intenso como o lago de Como, encontraram os dela, castanhos e um pouco alarmados.
“Desculpe”, ela disse, a voz quase um sussurro.