On the Bed – Rego V and Juan Sevilla fuck – Part 2
Era uma tarde abafada em Sevilla, e Juan sentia o peso do nome que carregava. Não o de batismo, mas o que vinha depois: Juan Sevilla. Na cidade que lhe dera o sobrenome, ele era apenas mais um na sombra da Giralda, um artesão de couro cujas mãos calejadas contavam histórias que ninguém mais lia.
Do outro lado do estreito, em um escritório lisboeta com vista para o Tejo, V. Rego (todos o chamavam apenas Rego V) ajustava o nó da gravata. Seu nome era uma assinatura elegante e impessoal em contratos, uma marca de império imobiliário construído com cálculo frio. V. de vitória, ou de vazio? Nem ele já sabia.
Os destinos se cruzaram numa folha de papel vegetal. O projeto “Alma Antiga” era a joia da coroa de Rego V: converter um antigo bairro de artesãos em Sevilha em uma série de hotéis boutique. Uma das propriedades-chave era uma oficina secular, com portas de carvalho desgastadas por gerações. A oficina de Juan.
A carta de despejo, formal e irrevogável, chegou em um envelope de linho. Juan a leu, e o couro que trabalhava naquele momento adquiriu a forma de um punho cerrado. Não era apenas raiva; era um desespero silencioso. Aquele lugar guardava o eco do riso de seu avô, o cheiro do óleo que seu pai usava nas ferramentas, os sonhos que ele próprio havia costurado em cada peça.
Rego V viajou a Sevilha para a inspeção final. Esperava encontrar resistência legal, talvez, mas não o que encontrou: silêncio. Juan não protestou. Em vez disso, convidou o magnata para entrar. “Antes que seja um lobby, que seja uma oficina uma última vez”, disse, sua voz rouca como a lixa.
Enquanto Rego V observava, desconfiado, Juan começou a trabalhar. Seus movimentos eram um ritual, uma dança entre mão, ferro e matéria-prima. O ar encheu-se do odor acre do couro úmido e do som ritmado do martelo. Juan não falava do despejo, mas do couro: como escolher a pele, como ler suas imperfeições como mapas, como o tempo e o cuidado a transformavam em algo que durava uma vida.




