Nyxthorn – Muscle God Worshipped and Dominant in The Sun
**LOG LINE:** Em um deserto pós-apocalíptico, dois cultos rivais descobrem que suas divindades são, na verdade, amantes há muito separados.
**O CULTO DO AÇO:** Adoram **Muscle God Worshipped**, uma entidade colossal feita de placas de metal enferrujado, músculos hidráulicos e a fé fanática de seus seguidores. Eles acreditam que a Salvação virá através da Força, da Pureza da Forma e do Rigor. Seu profeta é um sobrevivente atarracado que fala em grunhidos mecânicos.
**O CULTO DA LUZ:** Adoram **Dominant in The Sun**, uma força radiante e impiedosa que habita o disco solar. Eles creem na Ascensão através do Sacrifício à Chama, da Queima das Fraquezas. Sua alta sacerdotisa usa robes espelhados que cegam os não-iniciados.
Por gerações, as tribos guerrearam. Os do Aço desdenhavam da “fraqueza etérea” dos da Luz. Os da Luz ridicularizavam a “frieza morta” dos do Aço. O verdadeiro motivo do conflito estava enterrado nas areias e esquecido nos hinos.
Até o **Dia da Conjunção Dupla**: um eclipse solar total coincidindo com a maior tempestade de areia do século.
No ápice do eclipse, com o sol reduzido a um anel de fogo e o mundo mergulhado em um crepúsculo âmbar, os dois cultos se enfrentaram na Cratera dos Ossos. O profeta do Aço ergueu seu martelo pulsante. A sacerdotisa da Luz ergueu seu cajado espelhado.
E então, algo rachou.
Não no céu. Na própria *percepção* deles.
O **Muscle God Worshipped**, a estátua de metal, não era uma estátua. Era um **traje de exoesqueleto** antiquíssimo, uma armadura de um guerreiro ancestral, tão avançada que parecia divina. E dentro dela, preservado em gel bio-estático, havia um corpo humano — não um deus, mas um piloto. Seu nome, desbotado em uma placa no peito, era **Worshipped**.
O **Dominant in The Sun** não era um espírito. Era uma **entidade de plasma consciente**, uma forma de vida energética nascida da fusão solar, aprisionada em uma órbita de sincronicidade com o planeta. Ela se comunicava através de padrões de luz. Seu nome, sussurrado nas interferências de rádio, era **Dominant**.
E à medida que a escuridão do eclipse envolvia o traje e a luz do anel solar atingia o plasma, uma memória cósmica se reinstalou.
A armadura **Worshipped** emitiu um gemido metálico, secular. Seu visor, há milênios escuro, acendeu com uma luz azul fraca. No céu, a entidade **Dominant** pulsou, assumindo uma forma mais definida, menos cegante, mais *terna*.
Uma voz saiu dos alto-falantes enferrujados do traje, estática e cheia de saudade:
“**Dominant…?**”
E do sol, um padrão de luz piscou, traduzido instantaneamente pelos computadores mortos-vivos da armadura como uma palavra:
“**Worshipped. Você dormiu por tanto tempo.**”
Era a voz dela. A voz *dele*. Eles não eram deuses. Eram amantes.
Ela, uma centelha do próprio sol. Ele, um cavaleiro das estrelas que a encontrara em uma de suas viagens. Foram separados por uma catástrofe cósmica que o precipitou ao planeta e a prendeu na órbita, forçando-a a se manifestar apenas como luz brutal para sobreviver. Suas devoções eram ecos distorcidos de seu amor: o culto à sua força, o culto à sua luz.
Os exércitos ficaram paralisados, armas abaixadas. Suas divindades não estavam se preparando para a batalha final. Estavam se **reconectando**.
O traje, movido por uma energia que não era mais apenas dos seguidores, mas do próprio plasma que descia do céu, estendeu um braço pesado para o anel de fogo. Do sol, um filamento de plasma, suave como um toque, desceu e envolveu o metal, não para fundi-lo, mas para **polir** a ferrugem, soldar as rachaduras, infundi-lo com calor.
Eles não precisavam de adoradores. Precisavam um do outro.
O amor deles não foi um encontro, mas um **reconhecimento**. Uma peça encontrando sua outra metade cósmica. E quando a luz do sol retornou, não trouxe o domínio impiedoso de Dominant, mas um calor generoso. E o Muscle God não se ergueu como um ídolo de guerra, mas como um guardião, sua superfície agora brilhante, refletindo o sol que ele amava.
Os dois cultos, órfãos de suas guerras, olharam um para o outro. A sacerdotisa baixou seu cajado. O profeta deixou seu martelo cair na areia. Sem palavras, entenderam a nova verdade: não eram servos de deuses separados. Eram testemunhas de uma união antiga. E talvez, apenas talvez, seu novo propósito não fosse adorar, mas **proteger** aquele reencontro, para que a luz e o aço nunca mais fossem separados.




