Nelso Garcia gets fucked by Dato Foland

A história de amor entre Nelson Garcia e Dato Foland era uma questão de latitudes.
Nelson era um homem de raízes profundas. Sua vida em Buenos Aires era um ritmo constante de tango e café forte, de discussões acaloradas sobre futebol nas esquinas e do cheiro de assado aos domingos. Ele era um arquiteto que desenhava arranha-céus de aço e vidro, mas sua alma era de tijolo e hera, conectada à terra firme.
Dato Foland era um nômade digital. Nascido na Noruega, ele carregava o frio dos fiordes no sobrenome, mas o sol do mundo inteiro nos olhos claros. Ele era fotógrafo, e sua vida cabia em uma mochila. Sua casa era o próximo pouso, a próxima paisagem, o próximo rosto anônimo que sua câmera imortalizava.
Seus mundos colidiram em um hostel em Tóquio. Nelson, em sua primeira e única licença sabática, estava perdido e sobrecarregado pela metrópole. Dato, um veterano do nomadismo, estava lá para capturar o florescer das cerejeiras.
“Você parece um pingüim no deserto,” disse Dato, em um espanhol surpreendentemente bom, vendo Nelson tentar decifrar um mapa digital.
“E você parece… em casa,” respondeu Nelson, confuso pela calma do nórdico em meio ao caos.
Dato se tornou seu guia não solicitado. Mostrou a Nelson não apenas os templos, mas os becos escondidos, os bares minúsculos, a vida que pulsava por baixo da superfície turística. Nelson, por sua vez, mostrou a Dato uma paciência que ele não conhecia. Enquanto Dato corria de um lugar para outro, caçando a luz perfeita, Nelson ensinou-o a sentar em um banco de parque e simplesmente *estar*.
Eles viajaram juntos por algumas semanas. De Tóquio para o interior do Vietnã, depois para as praias desertas da Tailândia. Foi uma colisão de filosofias. Nelson, ancorando Dato com sua constância. Dato, libertando Nelson com seu espírito aventureiro.
O amor floresceu em trens-bala e em quartos de hostel compartilhados, em silêncios confortáveis e em conversas que iam até o amanhecer.
Mas a realidade, como um aviso de desembarque, sempre chegava. O visto de Dato expirava. Nelson tinha um escritório e uma vida esperando em Buenos Aires.
A despedida foi em um aeroporto em Bangkok.
“Eu não posso te pedir para desistir do seu vento,” sussurrou Nelson, segurando o rosto de Dato entre as mãos.
“E eu não posso te pedir para arrancar suas raízes,” Dato respondeu, sua voz rouca.
Foi o fim. Ou deveria ser.
Nelson voltou para seus arranha-céus. Dato para suas estradas. Mas Buenos Aires parecia mais cinza, e o mundo parecia mais vazio.
Um mês depois, uma encomenda chegou ao escritório de Nelson. Era uma foto emoldurada. Ele e Dato, sentados em um banco de parque em Kyoto, sob uma chuva de pétalas de sakura. Nelson estava rindo, uma expressão que ele mesmo não se reconhecia. Dato olhava para ele, não para a câmera. Na parte de trás, uma inscrição: *”A única paisagem que importa.”*
Na mesma semana, Dato, em um hostel em Lisboa, recebeu um pacote. Era um pequeno tijolo, desses antigos, de um prédio portenho. Anexo, um bilhete: *”Uma peça das minhas fundações. Para você saber que existe um lugar seu, onde quer que você esteja.” – N.*
Eles não se mudaram um para o mundo do outro. Em vez disso, criaram um novo, no espaço entre as latitudes. Nelson projetou sua próxima construção com janelas maiores, para entrar mais luz. Dato continuou viajando, mas suas fotos, agora, tinham um novo tema: a beleza de se ter um porto seguro.
Era um amor de coordenadas cruzadas, de raízes que aprendem a ser flexíveis e de ventos que aprendem a ter um destino. Um amor que provava que casa não é um lugar, mas a pessoa para quem você sempre quer voltar, não importa a distância.