My Stepson’s Classmate – Samir Morais and Pinkie Mike

O sol de Lisboa dançava sobre os azulejos, mas dentro da nossa livraria “A Folha Antiga”, o tempo parecia ter parado. Eu, **Samir Morais**, era o seu guardião. Meu mundo era o cheiro de papel envelhecido, o sussurro das páginas e a solidão confortável das prateleiras altas. Era uma vida quieta, ordenada por autor e século.

Até que **Mike** entrou.

Todos o chamavam de **Pinkie Mike**. Ele era uma explosão de cor em minha existência monocromática. Cabelo rosa-choque, roupas que desafiavam a lógica e um sorriso que podia iluminar o dia mais cinza de inverno. Ele não lia livros; ele *devorava* mundos, pegando romances de qualquer gênero e deixando-os abertos pela livraria como borboletas coloridas.

No início, ele era minha antítese. Eu organizava, ele bagunçava. Eu sussurrava, ele ria alto. Eu guardava cada livro no seu lugar, ele os espalhava como se estivesse semeando ideias.

Um dia, ele pegou um raro volume de poesia do século XIX e deixou-o aberto sobre um livro de culinária.
“Mike, por favor,” eu disse, com a paciência no limite. “Há uma ordem.”

Ele olhou para mim, seus olhos brilhando com uma luz que eu nunca tinha visto. “Samir, algumas coisas são mais interessantes quando se misturam. Que história uma poesia de amor contaria para uma receita de pão?”

Fiquei sem resposta. Aquela pergunta tola ficou ecoando na minha mente.