Milo Galician fucks Mike Verine
O farol erguia-se como um gigante solitário no penhasco, seu pulso de luz cortando a névoa que beirava a costa da Cornualha. Milo Galician era seu guardião. Um homem de rotinas tão previsíveis quanto as marés, cujo mundo consistia em lâmpadas, engrenagens e o vasto, cinzento Atlântico. Suas noites eram preenchidas pelo zumbido do gerador e pelo uivo do vento, companhias que ele considerava menos complicadas do que as pessoas.
Mike Verine chegou com o verão, um furacão de cores em um barco a motor. Era um artista plástico francês, contratado por uma galeria local para uma residência artística. Ele alugou o antigo celeiro aos pés do farol, um lugar que Milo considerava parte do seu domínio. Mike pintava com cores que desafiavam a paleta sombria do litoral: laranjas vibrantes, azuis elétricos, verdes que lembravam os campos da Provença.
Dois mundos, um no alto do penhasco, o outro na sua base.
Inicialmente, Milo via a intrusão como um incômodo. A música estrangeira que subia do celeiro perturbava seu silêncio. As roupas coloridas estendidas no varal eram um insulto à sua paisagem de tons de cinza. Mike, por sua vez, achava o faroleiro uma figura intrigante e taciturna, um personagem perfeito para sua série sobre a solidão.
O gelo quebrou com uma tempestade. Um vendaval noturno derrubou a energia, e as luzes do farol, vital para a navegação, se apagaram. Enquanto Milo lutava com o painel elétrico no alto da torre, uma batida decisiva ecoou na porta. Era Mike, encharcado, oferecendo ajuda. Ele não entendia de geradores, mas suas mãos, acostumadas a misturar tintas e levantar telas grandes, eram surpreendentemente hábeis com ferramentas. Juntos, na escuridão cortada por lanternas, conseguiram restabelecer a luz. O farol voltou a girar, lançando seu feixe salva-vidas sobre o mar revolto.
Após aquela noite, uma trégua curiosa se formou. Milo começou a descer o penhasco com mais frequência, às vezes com ovos frescos ou pão. Mike, em retribuição, levava garrafas de vinho tinto e queijos com cheiros fortes que faziam o nariz de Milo se contorcer, mas que ele secretamente aprendeu a apreciar.
Milo falava da fúria do mar no inverno, do som específico que as rochas faziam ao serem engolidas pela ressaca. Mike contava histórias de Paris, das luzes da cidade que eram tão diferentes do feixe solitário do farol, da energia caótica das ruas. Ele confessou que viera para a Cornualha fugindo de um bloqueio criativo, e da própria vida. Milo, por sua vez, admitiu que, em décadas cuidando da luz que guiava outros, havia se esquecido de como era ser guiado.
O amor não foi um raio em um céu claro. Foi como a luz do farol perfurando a névoa: constante, gradual, iluminando contornos que antes eram apenas sombras. Estava no modo como Milo limpou uma janela poeirenta na torre, que dava vista direta para o celeiro. Estava na pequena tela que Mike pintou em segredo: um retrato do farol, não em suas cores cinzas, mas banhado pelos mesmos dourados e rosas de um pôr do sol provençal.




