Matty and Aiden (mattyaiden) fuck on the bed
						Matty era uma música sem partitura. Um cantor e compositor de folk melancólico, cujas canções eram feitas de poeira de estrada e café frio. Ele vivia em um van, viajando de cidade em cidade, e sua vida era um acorde menor sustentado. Sua fama era pequena, íntima, feita de bares silenciosos e olhos atentos na plateia.
Aiden era um silêncio eloquente. Um bibliotecário que organizava mundos em prateleiras, cuja vida era uma sucessão de dias tranquilos, cheiros de papel antigo e o som suave das páginas sendo viradas. Seu mundo era ordenado, previsível e seguro.
Eles se conheceram em um dia de chuva. Matty havia estacionado seu van perto da biblioteca onde Aiden trabalhava, buscando abrigo e um lugar tranquilo para compor. A chuva batia no teto de metal, criando uma percussão suave. Dentro da biblioteca, Matty se sentou em uma mesa, tentando anotar uma melodia que insistia em fugir.
Aiden o observou. Viu a frustração nos ombros curvados do estranho, os dedos batendo na mesa sem ritmo. Após fechar a biblioteca, Aiden se aproximou com uma xícara de chá quente.
“Parece que as palavras não estão cooperando,” disse Aiden, sua voz um sussurro que se harmonizou perfeitamente com o som da chuva.
Matty ergueu os olhos, surpreso. “É mais a música. Ela está… presa.”
“Talvez ela precise do silêncio certo para sair,” Aiden sugeriu. “Meu apartamento fica em cima da biblioteca. É muito silencioso.”
Era um convite estranho, de uma ousadia completamente fora do personagem de Aiden. Mas havia uma certeza nele, uma calma que fez Matty aceitar.
O apartamento de Aiden era como ele: organizado, aconchegante, cheio de livros e plantas. E era silencioso. Um silêncio quente, que abraçava em vez de esvaziar. Naquela noite, com a chuva lavando o mundo lá fora, a música presa em Matty finalmente se soltou. Ele pegou o violão e cantou para Aiden. Era uma música sobre encontrar um porto seguro no meio da tempestade.
Aiden não disse nada. Apenas ouviu, com uma intensidade que fez Matty se sentir a pessoa mais importante do universo.
Matty partiu na manhã seguinte, mas o acorde menor de sua vida tinha ganho uma ressonância nova. Ele continuou sua turnê, mas agora suas canções tinham raízes. Eram sobre a paz depois da chuva, sobre a luz suave de uma lâmpada de leitura, sobre a coragem quieta de convidar um estranho para subir.
Ele mandava áudios para Aiden: pedaços de músicas, sons da estrada, seus pensamentos desorganizados. Aiden respondia com fotos de seu dia: um livro que achou que Matty gostaria, o gato da biblioteca dormindo em uma pilha de devoluções, o pôr do sol atrás das prateleiras.
Eles eram **#mattyaiden** nas mentes um do outro muito antes de se tornarem isso nas redes sociais. Uma história contada em canções e silêncios, em quilômetros e raízes.
Um mês depois, Matty voltou. Desta vez, não foi a chuva que o trouxe. Foi uma música nova, a mais importante que ele já escrevera. Ele tocou a campainha do apartamento sobre a biblioteca.
Aiden abriu a porta, sem surpresa, como se estivesse sempre esperando por ele.
“Eu não consigo cantar essa de lá de fora,” Matty disse, o violão nas costas. “Ela é sobre casa. E ela precisa do seu silêncio para fazer sentido.”
Aiden sorriu, o primeiro sorriso largo que Matty via nele. Um sorriso que era um começo.
“Então entre,” ele disse. “O silêncio está te esperando.”
				



