Matthew Ellis (atasteofmatt) – 1 Year Anniversary Compilation
O prédio do **Matthew Ellis**, conhecido online como **atasteofmatt**, era um convite ao contraste. Do lado de fora, uma fachada londrina clássica, cinzenta e séria. Por dentro, um turbilhão de sensações. Cada cômodo era uma nova experiência: a sala de estar cheirava a pão de canela recém-assado, o corredor ecoava com o som distante de uma orquestra sinfônica, e a parede da cozinha tinha a textura áspera de giz, pronta para ser riscada.
Matthew era um arquiteto de experiências. Seu canal, *atasteofmatt*, não era sobre críticas ou opiniões, mas sobre traduzir o mundo em sensações puras. Ele filmava o toque da chuva fria no mármore quente, o sabor de uma maçã verde em um dia nublado, o silvo específico do chá sendo coado em uma xícara de porcelana fina.
Mas Matthew guardava uma experiência para si, nunca compartilhada: o “Cômodo do Vazio”. Era um closet no fundo do apartamento, totalmente branco, insonorizado e sem nenhum odor. Lá, ele simplesmente *estava*. Era seu antídoto para um mundo que ele saboreava com tanta intensidade que, às vezes, ameaçava afogá-lo.
Sua vida metódica encontrou uma pequena fissura em uma terça-feira comum. Enquanto filmava a dança hipnótica do mel sendo vertido em uma colher (o foco no fio âmbar, o som pegajoso), uma risada clara e despreocupada vazou da janela do apartamento ao lado. O som foi tão específico, tão texturizado, que paralisou Matthew. Soou como… cristal batendo contra granito. Uma combinação inesperada que ele nunca havia catalogado.
A risada pertencia a **Elara**, sua nova vizinha, uma ceramista que vivia rodeada de argila, esmalte e caos criativo. Ela era o oposto de seu universo controlado. Intrigado pelaquela sensação auditiva nova, Matthew, num ato que desafiou sua própria cartilha, bateu à sua porta com um pequeno pote de geleia de damasco caseira. “Uma troca,” ele disse, inusitadamente direto. “Pela receita da sua risada.”
Elara, confusa mas divertida, deixou-o entrar. Seu apartamento era uma experiência avassaladora para os sentidos de Matthew: o cheiro úmido da argila, a visão das cores vibrantes dos esmaltes, o tato áspero das ferramentas sobre a mesa. Era caótico. Era demais.
Vendo seu desconforto quase físico, Elara não ofereceu chá ou conversa. Em vez disso, pegou um pedaço de argila fria e lisa e o colocou em suas mãos. “Aqui,” disse ela suavemente. “Às vezes, a melhor experiência é a que você cria, não a que você analisa.”
Matthew ficou parado, a sensação fria e maleável da argila dominando todos os seus outros sentidos. Era um ponto focal. Um alívio. Ele começou a amassá-la, sem objetivo, e pela primeira vez em anos, não estava processando, catalogando ou filmando. Estava apenas *sentindo*.
Aos poucos, uma nova rotina nasceu. Matthew continuava criando seus vídeos impecáveis para o *atasteofmatt*, que seguia encantando milhares com a profundidade de suas percepções. Mas agora, sempre que o mundo sensorial ficava grande demais, ele buscava não apenas o seu Cômodo do Vazio, mas também a oficina de Elara. E ali, com as mãos sujas de argila, ele descobria uma nova experiência, a mais rara de todas: o sabor da companhia silenciosa, a textura do entendimento compartilhado, o som suave de duas pessoas criando, cada uma à sua maneira, um refúgio da própria intensidade do mundo.
Ele nunca colocou um nome técnico para essa experiência. Mas, em seu diário privado, longe das câmeras, ele a anotou simplesmente como **”paz”**.




