Mateus Lontero and Habib fuck

O mundo de Mateus Lontero era definido por horários. Como motorista de ônibus da linha 507, sua vida era um loop infinito do terminal central ao bairro Jardim das Flores. Ele conhecia cada buraco no asfalto, cada semáforo que demorava a fechar, o horário de saída da escola, o fluxo previsível de passageiros anônimos. Era uma existência de rotas mapeadas, segura e solitária.
Até Habib.
Habib subiu no ônibus em uma tarde de chuva torrencial, carregando uma sacola de ferramentas e o cheiro doce de sawarma e especiarias. Seus olhos escuros brilhavam com um calor que contrastava com o cinza lá fora. Ele pagou a passagem e sentou-se no banco logo atrás de Mateus.
No dia seguinte, Habib estava lá de novo. E no outro. Sempre às 18h15, sempre com um sorriso fácil e um “Boa tarde, amigo” dirigido a Mateus.
O motorista, um homem de poucas palavras, inicialmente apenas acenava com a cabeça. Mas a persistência alegre de Habib começou a rachar sua armadura de solidão. Um dia, Habib deixou cair um pacote no chão. Era um pão achatado e alguns doces.
— “Pita e baklava,” explicou Habib, pegando-os. — “Da minha loja. Aqui, para você.”