Magno Moreno and Manuel Kenny fuck
O pó de ouro e incenso ainda pairando no ar da loja “Moreno & Filho – Relíquias e Reparos” era o perfume da infância de Magno Moreno. Ele herdara o negócio do avô, e suas mãos, grandes e habilidosas, conseguiam consertar qualquer mecanismo, por mais antigo ou enigmático que fosse. Ele vivia entre engrenagens, livros de feitiços desgastados e a saudade silenciosa do pai, um mago-artesão que partira em uma viagem sem retorno.
Uma tarde de tempestade, a campainha da loja tilintou. Na entrada, encharcado e com os olhos arregalados de espanto, estava Manuel Kenny. Não um cliente típico. Ele usava um blazer moderno e carregava uma maleta de tecnologia, mas em suas mãos, envolta em um pano velho, havia um objeto que não pertencia a seu mundo: um Orbe da Memória, um artefato de cristal puro e intrincado que capturava momentos vívidos. Ele estava completamente quebrado.
— Desculpe o horário — disse Manuel, a voz um misto de urgência e cansaço. — Me disseram que o senhor Moreno é o único que pode consertar… isso. Pertenceu à minha mãe. É tudo o que me resta dela.
Magno pegou o orbe com cuidado. O cristal estava frio e opaco, suas runas interiores apagadas. Ao tocar nele, um formigamento mínimo, um eco de magia muito familiar, percorreu seus dedos. Era a mesma assinatura energética de um dos itens não reparados deixados por seu pai.
— O trabalho do meu pai — disse Magno, mais para si mesmo, os olhos fixos no estilhaço. — Ele tentou repará-lo anos atrás. Não conseguiu.
Manuel parecia desolado. Ele era um arquiteto, um homem do concreto e da lógica, mas aquele pedaço de cristal era seu último elo com um passado de magia que nunca compreendera totalmente. Magno, movido por um impulso que ia além do profissional, ofereceu-se para tentar. Não por dinheiro, mas para resolver o próprio enigma que seu pai deixara.
As noites que se seguiram transformaram a loja poeirenta em um santuário de descoberta. Magno trabalhava com ferramentas finas e encantamentos sussurrados. Manuel observava, fascinado, e começou a ajudar, sua mente lógica encontrando padrões nas runas que a mente artesã de Magno não percebia. Ele trouxe cafés fortes, falou de seus projetos de prédios que “brincavam com a luz” e, lentamente, contou sobre sua mãe, uma feiticeira urbana discreta.




