Lukas Berka – solo jerk off
O mundo de Lukas Berka era definido pela precisão. Como um ourives especializado em relógios antigos, seus dias eram medidos em tiques e taques, em pequenas engrenagens que se encaixavam perfeitamente. Sua oficina em Viena era um santuário de ordem, onde cada ferramenta tinha seu lugar e o tempo era algo a ser consertado, não vivido.
Tudo mudou no primeiro dia da Adventmarkt, quando a neve começou a cair sobre a cidade e uma mulher, tentando equilibrar três sacolas de presentes e um Glühwein, tropeçou em seu degrau e esparramou tudo contra a vitrine de sua loja.
Lukas saiu correndo, mais preocupado com os arranhões no vidro do que com a estranha. Mas quando ele a ajudou a se levantar, seus olhos encontraram os dela – da cor do chocolate quente e cheios de um constrangimento tão genuíno que ele não conseguiu ficar bravo.
“Es tut mir leid! Ich bin so ungeschickt!”, ela disse, as bochechas coradas.
“Está tudo bem”, ele respondeu, automaticamente, em um inglês suave. “Nada quebrado além do seu vinho.”
Ela se chamava Elara, era uma ilustradora de livros infantis que estava em Viena apenas pelo mês, fugindo de um bloqueio criativo em Berlim. Enquanto Lukas limpava meticulosamente a vitrine, ela, sem ser convidada, entrou na oficina, fascinada pelos mecanismos expostos.
“É tudo tão… minucioso”, ela sussurrou, seus dedos – manchados de tinta – pairando sobre um movimento de relógio aberto. “Meus desenhos são sempre tão caóticos.”
Lukas a observou. Ela era o caos. Seu cabelo escapava do chapéu de lã, seu cachecol era longo demais e ela deixava pequenas pegadas molhadas de neve em seu piso limpo. E, no entanto, ele não queria que ela fosse embora.
Nos dias que se seguiram, Elara tornou-se uma presença constante. Ela trabalhava em um canto da oficina, espalhando pincéis e papéis, enquanto Lukas consertava seus relógios. Ela falava sobre dragões e florestas encantadas; ele explicava a diferença entre um escapamento de âncora e um de cilindro. Ela trouxe cores para seu mundo monocromático, e ele, por sua vez, ofereceu a ela uma estrutura que sua imaginação desenfreada nunca soube que precisava.
Ele descobriu que ela tinha o hábito de cantarolar baixinho enquanto desenhava. Que ela odiava passas no Stollen natalino. Que sua risada soava como os sinos da Stephansdom.
Na véspera de Natal, horas antes de ela partir, Lukas entregou-lhe um pequeno pacote. Dentro, estava um relógio de bolso antigo, perfeitamente restaurado. Quando ela o abriu, em vez de mostradores e ponteiros, havia uma pequena e intrincada aquarela dela mesma, rindo, com a oficina de fundo.
“Um relógio que não marca as horas”, Lukas disse, sua voz mais suave que o tique-taque de seus próprios relógios. “Porque todo o momento que você passou aqui pareceu… eterno.”
Elara olhou para o presente, e então para ele, seus olhos brilhando. “Lukas Berka”, ela sussurrou, “você consertou o meu tempo.”
E quando se beijaram, enquanto a neve caía do lado de fora sobre as ruas de Viena, Lukas entendeu que a maior precisão não estava na engrenagem de um relógio, mas no encaixe perfeito de duas almas solitárias que finalmente encontraram seu ritmo compartilhado.




