O mundo de Liam Cyber existia na fria lógica do silício. Como um dos melhores engenheiros de cibersegurança do mundo, ele vivia em salas escuras iluminadas por monitores, caçando falhas em firewalls e construindo fortalezas digitais. Sua vida era um código binário: seguro ou vulnerável, permitido ou negado. Emociones eram variáveis imprevisíveis, melhor deixadas de fora do algoritmo.
Justin Cross era tudo menos previsível. Artista de light painting, ele transformava a escuridão em sonhos com nada mais que lanternas, câmeras e movimento. Suas obras eram fantasmas de luz dançando em praias desertas, riscos neon pulsando em florestas antigas – belos, temporários e completamente inseguros.
Seus mundos colidiram quando a galeria que exibia o trabalho de Justin foi hackeada. Liam foi chamado para recuperar os arquivos digitais – as únicas cópias das efêmeras obras de arte.
O primeiro encontro foi um choque de universos. Liam, de blusa preta e postura rígida, falando em firewalls e criptografia. Justin, com as mangas salpicadas de tinta fluorescente, gesticulando enquanto explicava como aqueles arquivos capturavam “a respiração da luz”.
“É só dados”, Liam disse, os dedos voando sobre o teclado. “Zeros e uns.”
Justin pegou uma lanterna e, na parede branca do escritório, desenhou um coração brilhante que desapareceu em segundos. “Isso também era só luz. Mas você sentiu algo, não sentiu?”
Liam não respondeu, mas a imagem ficou queimada em sua retina.
Trabalharam a noite toda. Enquanto Liam lutava contra o código malicioso, Justin ficou ao seu lado, contando histórias por trás de cada foto perdida – a tempestade na praia de Big Sur, o farol abandonado na Escócia, o beijo que inspirou uma espiral de luz dourada.
Pela primeira vez, Liam não via apenas dados. Via intenção. Emoção. Arte.
Quando o sol nascia, Liam recuperou o último arquivo. A galeria estava salva. Mas algo em seu próprio firewall pessoal tinha caído.
“Preciso te mostrar algo”, Justin disse, levando Liam para o telhado do prédio.
O céu estava pintando-se de laranja e roxo. Justin pegou sua câmera e uma lanterna especial.
“Fique parado”, ele instruiu Liam.
Então, Justin começou a dançar ao redor de Liam, tecendo fios de luz azul e prateada ao seu redor. Quando mostrou a foto na câmera, Liam viu-se envolto em uma constelação pessoal, um fantasma luminoso que parecia proteger sua silhueta.
“Chamo esta de ‘O Firewall Humano'”, Justin sussurrou.
Liam olhou para a imagem, depois para Justin. Seus algoritmos mentais não conseguiam processar o que sentia. Então, fez algo completamente ilógico – alcançou a mão de Justin, cujos dedos ainda estavam frios da noite, e os envolveu com os seus.




