Leonardo Safra gets fucked by Gabriel Coimbra
						Leonardo Safra era um homem de silêncios eloquentes. Herdeiro de uma fortuna familiar, ele havia rejeitado o mundo dos negócios para se tornar um pianista clássico. Sua música não era para plateias vastas, mas para salas vazias e o eco de sua própria solidão. Vivendo em um apartamento com vista para o parque, ele era um fantasia de trajes impecáveis e um vazio que nem Chopin conseguia preencher.
Gabriel Coimbra era um ourives de palavras e metais. Dono de uma pequena joalheria artesanal no centro histórico, suas mãos transformavam ouro bruto em histórias delicadas. Ele conversava com os clientes, descobria seus segredos e os traduzia em pingentes, anéis e braceiros. Sua vida era barulhenta, cheia de texturas, cheiros de metal quente e o burburinho da rua.
Um dia, Leonardo entrou na joalheria de Gabriel. Não queria nada em particular. Apenas fugia do peso de sua própria existência. Os sinos na porta tilintaram suavemente.
“Pode me ajudar?” perguntou Leonardo, sua voz um acorde menor. “Preciso de… algo.”
Gabriel ergueu os olhos da bancada, limpando as mãos em um pano de linho. Seus olhos, da cor do mel, avaliaram o homem diante dele não com a frieza de um vendedor, mas com a curiosidade de um artesão.
“Algo para quem?” Gabriel perguntou, ignorando completamente o que Leonardo poderia querer, e focando em *para quem*.
“Para mim,” Leonardo respondeu, surpreso pela pergunta.
Gabriel observou suas mãos. Longos dedos, marcados pelas teclas do piano. Mãos de artista, mas carregando uma tensão invisível.
“Você não precisa de uma joia,” Gabriel declarou, calmamente. “Você precisa de uma âncora.”
Intrigado, Leonardo voltou no dia seguinte. E no outro. Suas visitas tornaram-se um ritual. Ele sentava em um banco de veludo e observava Gabriel trabalhar, transformando pedaços de metal em arte. Ele falava sobre música, sobre a pressão da família, sobre o silêncio ensurdecedor de seu apartamento de vidro. Gabriel, por sua vez, falava sobre a resistência do ouro, sobre a paciência necessária para um polimento perfeito, sobre as histórias que cada peça carregava.
Leonardo descobriu que a oficina de Gabriel era a partitura mais sincera que ele já tinha visto – uma sinfonia de gestos precisos e calor humano.
Um mês depois, Gabriel apresentou-lhe uma pequena caixa de madeira. Dentro, estava um pingente de prata: a figura estilizada de uma tecla de piano, mas com o contorno suavizado, quase como uma onda. Preso a uma corrente delicada.
“É uma âncora em forma de música,” Gabriel explicou. “Para você lembrar que a arte não precisa ser pesada. Pode ser leve. Pode ser sua.”
Leonardo ficou emocionado. Ninguém tinha entendido sua luta de forma tão simples e profunda.
Naquela noite, pela primeira vez, Leonardo convidou Gabriel para seu apartamento. Sentou-se ao piano e tocou uma peça que havia composto naquelas últimas semanas. Era uma melodia que começava triste e solitária, mas que, aos poucos, incorporava o ritmo constante do martelo de Gabriel, o tilintar dos sinos da porta, a calorosa irregularidade da vida.
Quando a última nota se dissipou, Gabriel aproximou-se do piano. Seus dedos, manchados de tinta e metal, tocaram suavemente as costas da mão de Leonardo.
“Você consertou o silêncio,” sussurrou Leonardo.
“E você deu música ao meu metal,” Gabriel respondeu.
Dois artistas, um do som e outro do silêncio, descobriram que suas obras-primas não estavam nos palcos ou nas vitrines, mas no espaço entrelaçado de suas mãos.
				



