Leche caliente – Guillaume Wayne and Ronny Aislan fuck

O vento soprava frio pelas ruas de Paris, mas dentro do pequeno ateliê de restauração de livros, o mundo era feito de papel, cola e silêncio. Guillaume Wayne trabalhava com dedos que pareciam conhecer a linguagem secreta das encadernações. Seus movimentos eram precisos, metódicos, quase cirúrgicos. Ele era um homem de hábitos imutáveis: chá das cinco, um capítulo de Proust antes de dormir e o cheiro constante de papel antigo e cola de ossos em suas roupas.

Ronny Aislan era seu oposto completo. Brasileiro, chegara a Paris há seis meses com uma mochila, uma câmera e um sorriso que desafiava o céu cinza da cidade. Ganhava a vida como fotógrafo de rua, capturando instantes fugazes – o beijo roubado perto da Notre-Dame, as bolhas de sabão de uma criança nos Jardins de Luxemburgo, a lágrima solitária escorrendo pelo rosto de uma mulher em um café.

Naquela tarde de terça-feira, Ronny entrou no ateliê como um furacão de cores, usando um casaco vermelho-tijolo que parecia desafiar a paleta de cinza do inverno parisiense.

“Preciso de ajuda”, disse, colocando sobre o balcão uma velha edição de “Capitães da Areia” que pertencera ao seu avô. As páginas estavam soltas, a capa pendurada por um fio. “É a única coisa que trouxe de casa.”

Guillaume examinou o livro com cuidado profissional, mas algo em seus olhos suavizou ao tocar aquelas páginas que cheiravam a outro continente.

“Posso consertá-lo”, disse, a voz mais baixa do que pretendia.