KeptSecret and SinSation fuck
						O baile de máscaras da família Van Horn era o evento do ano, um redemoinho de seda, diamantes falsos e segredos bem guardados. Foi lá que ele a viu. Ela não dançava, mas todos os olhos giravam em sua órbita. Usava um vestido cor de vinho tão escuro que quase parecia negro, e uma máscara de penas que escondia tudo, exceto o vermelho ousado de seus lábios. Sussurros a seguiam: “Quem é ela?”. Alguém, num tom de reprovação misturada com inveja, a chamou de “SinSation”. A Sensação do Pecado. O nome grudou.
Ele, conhecido nos círculos íntimos como “KeptSecret” — o Segredo Bem Guardado —, entendia aquele território. Sua própria fortuna era um assunto sussurrado, suas origens, um arquivo trancado a sete chaves. Ele era um mestre em se esconder à vista de todos. Mas aquela mulher… ela não se escondia. Ela se exibia, desafiando o mundo a decifrá-la.
Pela primeira vez em anos, KeptSecret sentiu o desejo impulsivo de ser descoberto.
Approximou-se, ignorando os olhares surpresos. A música era um tango, apaixonado e perigoso.
“Posso ter esta dança, SinSation?” perguntou ele, sua voz baixa, um contraponto à energia elétrica que ela irradiava.
Ela não respondeu com palavras. Simplesmente deslizou a mão enluvada na dele, e foi como um choque. Nos minutos seguintes, não foi um baile de máscaras, foi um duelo. Seus corpos se moviam em perfeita sincronia, um diálogo de tensão e rendição. Ele podia sentir a história não contada na firmeza de suas costas, a revolução contida no aperto de sua mão.
“Todos te querem, mas ninguém te conhece,” ele sussurrou perto de seu ouvido, aproveitando uma curva fechada.
Seus lábios se curvaram em um sorriso fugaz, um vislumbre por trás da fachada. “E você? Acha que pode ser o escolhido para descobrir o segredo?”
“Eu não quero descobri-lo,” ele respondeu, sua máscara quase tocando a dela. “Quero trocá-lo.”
A música parou. Eles ficaram parados no meio da pista, presos um ao outro, a respiração ofegante. O mundo ao redor tentava se recompor, mas a bolha que os envolvia era inquebrável. Sem uma palavra, ela o puxou para a varanda escura, longe dos olhares, onde o único som era o farfalhar das folhas no jardim.
Lá, sob a luz pálida da lua, ele levantou a mão e, com uma delicadeza que desmentia a tensão entre eles, desapertou o cadarço de sua máscara. Ela deixou. O rosto que surgiu era mais bonito do que qualquer fantasia – olhos profundos e inteligentes, uma leve cicatriz na sobrancelha, uma história de vida real estampada na pele. Ela, por sua vez, puxou a máscara dele.
Era ele. O recluso Alexander Van Horn. O maior segredo da alta sociedade.
“SinSation,” ele murmurou, o nome agora um termo carinhoso.
“KeptSecret,” ela retribuiu, um sorriso verdadeiro finalmente iluminando seu rosto.
E naquele silêncio compartilhado, eles entenderam. Não se tratava de expor um ao outro para o mundo. Tratava-se de encontrar, no centro daquela tempestade de aparências, um porto seguro. Um para o outro, eles não seriam mais a Sensação do Pecado ou o Segredo Bem Guardado. Seriam apenas o refúgio onde suas máscaras podiam, finalmente, cair para sempre.
				



