Karim Yoav (karim_uncensored) – another breeding

Karim trabalhava na livraria da esquina, um lugar empoeirado e cheio de histórias esquecidas. Ele era conhecido online como karim_uncensored, onde despejava suas opiniões afiadas sobre clássicos da literatura e defendia romances modernos com um fervor incomum. Sua vida era um equilíbrio entre a quietude das prateleiras e o furacão de suas opiniões na tela.

Um dia de chuva, Yoav entrou na livraria. Ele era o oposto de Karim: quieto, metódico, um botânico que acreditava que as melhores histórias estavam nas sementes e no crescimento silencioso das coisas.

Yoav procurava um livro raro sobre rosas do deserto. Karim, que conhecia cada volume da loja como a palma da mão, encontrou-o após alguns minutos de busca dramática, seus dedos deslizando pela lombada gasta como um pianista sobre as teclas.

“Encontrou,” disse Karim, entregando o livro. Suas mãos se tocaram brevemente, e algo quieto floresceu no ar entre eles.

Yoav começou a frequentar a livraria toda semana. Não apenas para livros, mas para as discussões. Ele desafiava as opiniões de Karim com uma calma que deixava o vendedor de livros sem chão. Enquanto Karim falava de paixões ardentes e finais trágicos, Yoav falava de paciência, de raízes, de como o amor mais duradouro é aquele que cresce devagar, como uma árvore forte.

“Você é tão censurado em sua vida real, Karim,” Yoav disse uma vez, fitando os olhos ardentes do outro. “Esconde toda essa intensidade atrás desses óculos e desse avental. Seu eu online é mais honesto.”

A observação atingiu Karim como um raio. Era verdade.

Um dia, Karim fechou a loja mais cedo. Convidou Yoav para ver o pôr do sol no telhado do prédio. Lá, entre antenas e vasos de plantas que Yoav não identificou, Karim disse, sem a segurança de suas palavras digitais:

“Eu… eu acho que você está certo. Eu passo tanto tempo analisando histórias de amor que esqueci de viver uma. Especialmente uma que não seja dramática, mas… constante.”

Yoav sorriu, um daqueles sorrisos que chegava devagar aos olhos. “As melhores histórias não são necessariamente as mais barulhentas, Karim. Às vezes, as mais silenciosas são as que têm as raízes mais profundas.”

E sob o céu que mudava de laranja para roxo, Karim, finalmente sem censura, permitiu-se sentir o lento e steady batimento de seu próprio coração, ecoando o de Yoav. Eles não se beijaram. Apenas ficaram de mãos dadas, olhando o horizonte, entendendo que aquele era apenas o primeiro capítulo de algo muito maior e mais bonito do que qualquer livro em sua loja.