Joe Angelli and Jaro Stone (Tony Zuko) fuck raw
O bar de Joe Angelli, “The Velvet Note”, era um santuário. Um lugar de luz baixa, de saxofone ecoando em paredes de tijolo aparente e de drinques perfeitos, servidos com um ritual de silêncio e respeito. Joe, com seus coletes impecáveis e um passado que sussurrava nas cicatrizes de seus nós dos dedos, era mais um psicólogo do que um barman. Ouvia histórias, acolhia segredos, mas guardava os seus a sete chaves.
Até a noite em que Jaro Stone entrou.
Diferente de tudo e de todos que frequentavam o lugar, Jaro era um furacão de cores. Cabelo desalinhado, jaqueta de couro coberta de pins de bandas obscuras, e uma energia que parecia desafiar a própria quietude do “Velvet Note”. Ele se sentou no balcão, pediu um uísque barato – um pedido que quase fez Joe franzir a testa – e, em vez de afundar em seus pensamentos, puxou conversa.
“Lugar interessante. Parece um cenário de um filme noir onde alguém vai ser morto a qualquer momento.”
Joe apenas assentou, limpando um copo com um pano branco. “O ambiente é proposital.”
Jaro sorriu, um sorriso largo e despretensioso que chegou aos olhos, algo raro naquele lugar. “Gosto. Quebra a monotonia.”
Nos dias que se seguiram, Jaro tornou-se um habitual. Sempre no mesmo horário, sempre com uma observação irreverente que tirava Joe do seu sério profissionalismo. Joe descobriu que Jaro, que às vezes se apresentava com o nome artístico “Tony Zuko”, era um músico de rua, um poeta do caos que acreditava que a arte deveria ser sentida, não entendida.
Era tudo que Joe não era. Ordem versus caos. Silêncio versus ruído. E, no entanto, uma curiosa atração começou a florescer naquele espaço entre eles.
Joe se pegava esperando pela chegada de Jaro, pela explosão de vida que ele trazia para seu mundo controlado. Jaro, por sua vez, descobriu que por trás da fachada serena de Joe havia um homem de uma lealdade feroz e uma sensibilidade surpreendente para a música. Joe era o seu ouvinte mais atento.
A tensão cresceu lentamente, como um solo de jazz, cheia de pausas e harmonias complexas. Até a noite em que Jaro não apareceu.
O bar parecia vazio sem ele. Mais quieto, mais escuro. Joe serviu os drinques mecanicamente, sua mente longe, preocupada. Às duas da manhã, quando o último freguês foi embora, ele viu Jaro do lado de fora, encostado na parede, o rosto marcado por uma tristeza que ele nunca lhe mostrara.
“Roubaram meu violão,” Jaro disse, a voz rouca. “Era a única coisa que… bem, você sabe.”
Joe não pensou. Abriu a porta, puxou Jaro para dentro do bar vazio e o levou para o pequeno palco no canto. Lá, guardado em um estoque, estava um velho violão acústico.
“Pegue,” Joe disse, colocando o instrumento nas mãos de Jaro.
Jaro hesitou, seus dedos trêmulos percorrendo as cordas. “Joe, eu… este é um modelo vintage. Vale uma fortuna.”
“Ele merece ser tocado. E você merece tocá-lo.”
Na penumbra do “Velvet Note”, sob a luz de um único holofote, Jaro tocou. Era uma música triste, uma melodia crua e bela que falava de perda e esperança. Joe ficou parado, ouvindo, e naquele momento, todas as barreiras entre ordem e caos, entre luz e sombra, desmoronaram.
Quando a última nota morreu, Joe se aproximou. Não havia mais distância entre eles. O beijo foi inevitável, como o refrão de uma música que ambos vinham cantando desde o primeiro dia. Era o sabor de uísque barato e o perfume de limão e verbena dos drinques de Joe. Era o toque das mãos calejadas de Jaro no rosto perfeitamente barbeado de Joe.
O amor deles não era sobre conserto. Joe não queria domar o furacão, e Jaro não queria causar tempestades no santuário. Era sobre encontrar uma nova melodia, uma que pudesse ser ao mesmo tempo um solo de saxofone suave e o riff elétrico de uma guitarra. Era Joe aprendendo a sorrir mais alto e Jaro descobrindo a beleza do silêncio compartilhado.
O “Velvet Note” permaneceu um santuário. Mas agora, algumas noites, o som de um violão acústico se misturava ao saxofone, criando uma nova canção, exclusivamente deles.




