**O Colecionador de Estrelas e o Jardineiro de Almas**
Noah era um jardineiro que acreditava que as pessoas eram como flores: algumas precisavam de mais sol, outras de mais silêncio, e outras, como ele, só precisavam de tempo para enraizar. Ele plantava histórias em forma de sementes e colhia versos no cair da tarde.
Jettagain era como o vento — sempre em movimento, com olhos que carregavam o céu noturno e um nome que significava “partir outra vez”. Ela pintava constelações em cadernos pequenos e acreditava que a melhor forma de amar era com os pés descalços e o coração leve.
Eles se encontraram num domingo chuvoso, na esquina de um café onde o tempo parecia ter esquecido de passar. Noah estava lendo um livro sobre a linguagem das árvores; Jettagain, desenhando órbitas de planetas em um guardanapo.
— Você acredita que algumas pessoas nascem com raízes e outras com asas? — ela perguntou, sem olhar para cima.
— Acredito que algumas nascem para encontrar as outras — ele respondeu, fechando o livro.
Daquele dia em diante, Noah aprendeu a olhar para o céu. Jettagain, por sua vez, descobriu o cheiro da terra molhada e a paciência das coisas que crescem devagar. Ele a ensinou a nomear flores; ela lhe mostrou como traçar rotas pelo movimento das estrelas.
Havia algo entre eles que não era apenas paixão, mas uma espécie de reconhecimento. Como se já tivessem se amado em outras vidas, sob outros céus.
Mas Jettagain carregava um segredo: seu coração batia em compasso finito, e os médicos diziam que ele pararia antes do outono. Ela não contou a Noah. Preferiu encher os dias deles de instantes perfeitos — cafés da manhã com luz de amanhecer, passeios de mãos dadas sob a chuva, noites de silêncio compartilhado.
Até que um dia, ele a encontrou chorando num banco de praça, segurando um exame médico.
— Por que não me contou? — sussurrou ele, com a voz mais triste que ela já ouvira.
— Porque não queria que você me amasse com medo.
Noah então pegou sua mão e disse:
— Não importa se é por uma estação ou por uma vida. O amor não se mede pelo tempo, mas pela intensidade com que vivemos cada momento.
