Jeff Carvalho, Victor Nalla, Viktor Rom have a threesome
O sol daquele verão carioca estava implacável. Na laje da comunidade do Morro do Cantagalo, o calor reverberava no concreto, mas era abafado pelo ritmo contagiante do funk que saía das caixas de som. No centro do círculo, Jeff Carvalho comandava a roda. Seus pés pareciam deslizar sobre o cimento quente, seus movimentos eram pura ginga, uma linguagem corporal que contava histórias de resistência e alegria.
— Tá vendo aquele? — Jeff sussurrou para seu amigo, Victor Nalla, enquanto um novo rapaz se aproximava da roda. — É o forasteiro. O tal de Viktor Rom.
Victor Nalla, cujo olhar sempre carregava a sagacidade de quem cresceu nas vielas do complexo, analisou o recém-chegado. Viktor Rom tinha a postura ereta e um corte de cabelo que gritava “asfalto”, do mundo de prédios altos lá embaixo. Mas em seus olhos, não havia o tédio ou o medo que Victor esperava; havia um interesse genuíno, quase uma reverência.
— Deixa o boy se aproximar, — disse Victor, com um meio sorriso. — Vamos ver se ele é de lenda ou de blitz.
A música acelerou, e a roda foi se fechando. Viktor Rom, contra todas as expectativas, entrou no círculo. Seus passos não tinham a ginga ancestral de Jeff, eram mais curtos, mais técnicos, como os de um lutador. Mas ele tinha ritmo. E coragem.
Jeff, desafiador, foi ao seu encontro. Os dois travaram uma batalha dançante no asfalto quente – a criatividade fluida de Jeff contra a disciplina surpreendente de Viktor. A roda vibrava, torcia, assimilava aquele estranho que ousava respeitar o seu território.
Foi Victor Nalla quem leu o momento. Viu que a dança não era mais uma competição, mas uma conversa. Um diálogo entre duas realidades que raramente se tocavam. Ele deu um assobio agudo, um corte seco na música, e o silêncio repentino fez todos olharem para ele.
