Jay Stryker (JayStrykerXXX) and Guy Spencer (guyspencerxxx) fuck Milo Miles (milomilesxxx)

O armazém era um caos organizado de pichações, half-pipes improvisados e um velho sofá despejado que cheirava a poeira e liberdade. O santuário de Jay Stryker. Ele era “JayStrykerXXX” online, um prodígio do skate conhecido por seus vídeos de manobras impossíveis e atitude transgresora. Sua vida era um turbilhão de adrenalina, concreto e solidão disfarçada de arrogância.
Guy Spencer era seu oposto polar. “guyspencerxxx” era um universo de cores suaves e texturas macias. Seu santuário era o canto do armazém onde instalou sua serigrafia, estampando camisetas com seus desenhos delicados de flores distorcidas e rostos fantasmagóricos. Enquanto Jay quebrava as regras da gravidade, Guy as dobradas com suas mãos, em silêncio.
E então havia Milo Miles. “milomilesxxx” era o som que preenchia o espaço entre eles. Com seu sintetizador portátil e um microfone, ele criava paisagens sonoras lo-fi que eram o perfeito híbrido da energia crua de Jay e da melancolia poética de Guy. Milo era a ponte, o observador com um sorriso fácil que parecia entender os dois lados do mundo.
Os três orbitavam o mesmo espaço, mas em trajetórias separadas. Jay deslizava no concreto, Guy mergulhava nas telas, Milo se perdia nos acordes. Até a noite em que a tábua de Jay quebrou com um estalo seco, atirando-o contra uma pilha de caixas, bem perto da estação de trabalho de Guy.
Guy não disse nada. Apenas se abaixou, seus dedos manchados de tinta verificando o pulso de Jay com uma delicadeza que fez o skatista estremecer. Milo apareceu, desligando seu sintetizador, o silêncio repentino sendo mais eloquente que qualquer palavra.
“Você é um desastre, Stryker”, Guy murmurou, sua voz um fio de seda.
“E você é um chato, Spencer”, Jay retrucou, mas sem convicção, seus olhos presos nos de Guy.
Milo riu, um som quente que ecoou no armazém vazio. “Crianças, crianças. Vamos nos concentrar. Jay está sangrando na arte de Guy.”
Aquele foi o primeiro fio. Jay começou a aparecer não apenas para andar de skate, mas para ver Guy misturar cores. Guy, por sua vez, começou a desenhar logos para as novas pranchas de Jay. E Milo? Milo observava, e compunha. Suas músicas começaram a incorporar o som das rodinhas no concreto e o farfalhar suave do papel de seda.
O amor deles não era um triângulo. Era um trípode. Cada um sustentava um pedaço do outro. Jay trazia a coragem, a fúria necessária para que Guy se arriscasse em suas artes. Guy trazia a paciência, a calma que acalmava a tempestade interior de Jay. E Milo era o maestro, o que traduzia a linguagem de um para o outro, criando uma trilha sonora para o universo único que construíam juntos.
Numa noite, debaixo das luzes de Natal penduradas de forma desleixada no teto do armazém, aconteceu. Jay estava ensinando Guy a fazer um ollie, suas mãos firmes na cintura de Guy, guiando seus movimentos. Guy ria, um som raro e livre que fez o coração de Jay acelerar. Milo os observava, dedilhando acordes suaves no violão.
Quando Guy finalmente conseguiu o movimento, por um segundo que pareceu uma eternidade, seus olhos encontraram os de Jay, e depois os de Milo. Não houve declaração. Não foi necessário. O olhar compartilhado entre os três carregava uma verdade tão simples e complexa quanto aquele arranjo.
Jay puxou Guy pelo suéter e o beijou. Era áspero e desajeitado, cheio de adrenalina e verniz. E então, Jay se virou e puxou Milo pelo colarinho, beijando-o também. Este beijo era mais suave, um acorde menor e resoluto. Guy riu, e puxou Milo para um beijo doce, fechando o círculo.
Era um amor pequeno, estranho e perfeito. Um skatista, um artista e um músico. Três almas deslocadas que encontraram, num armazém abandonado, um ponto de equilíbrio. Eles não precisavam do mundo lá fora para entender. O universo deles, naquele momento, cabia perfeitamente naquele sofá velho, entrelaçados, ouvindo a nova música que Milo havia feito só para eles.